Poupança. Estique o seu orçamento familiar e escolha o produto com melhor remuneração para investir

Poupança. Estique o seu orçamento familiar e escolha o produto com melhor remuneração para investir


O i fez uma ronda pelos principais produtos de investimento.


Os orçamentos mensais são cada vez mais apertados e, por isso, nem sempre há margem para poupar e a taxa de poupança das famílias continua em níveis mínimos desde, pelo menos, 1995. Mas se por um lado esta necessidade foi entrando no dia-a-dia da maioria dos portugueses, por outro é necessário alguma cautela na avaliação das opções. Para celebrar o Dia Mundial da Poupança, que se comemora amanhã, o i fez uma ronda pelos principais produtos de investimento.

Depósitos a prazo 

Se a sua simplicidade é uma das vantagens, a taxa de remuneração oferecida torna este produto financeiro menos atractivo. Apesar de ter vindo a perder adeptos nos últimos anos devido às taxas de juro que apresenta, continua a ser um dos instrumentos de poupança preferidos dos portugueses. A maioria dos depósitos está a pagar, em média, uma taxa anual líquida na ordem dos 0,5%. Só consegue contrariar esta tendência se procurar as ofertas para novos clientes ou montantes elevados. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal, os depósitos das famílias atingiram os 136 759 milhões de euros em Agosto, menos 0,78% do que no mês anterior. Desde o início do ano, os depósitos dos particulares aumentaram 2,98%, uma vez que, em Dezembro de 2014, os depósitos das famílias ascendiam a 132 805 milhões de euros.

É certo que não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, mas também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e, no pior cenário e se o banco falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular, o que inclui os juros até à data de indisponibilidade dos depósitos. Este mecanismo abrange todos os depósitos obtidos por bancos sediados em Portugal e fora da União Europeia. A legislação prevê a existência de prazos para o reembolso, que deverá ser faseado. Num primeiro momento serão pagos 10 mil euros no prazo máximo de sete dias e o valor remanescente será pago até um prazo máximo de 20 dias. 

Certificados de aforro 

Depois de ter sido recordista na captação de poupança, este produto de dívida pública tem vindo a captar cada vez menos a atenção dos investidores portugueses. Em Setembro, os certificados de aforro cresceram 15 milhões de euros.
A taxa de remuneração é calculada com base na média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores, acrescida de 1%. Como actualmente a Euribor está em valores negativos, a taxa de juro para novas subscrições de certificados de aforro (série D) foi fixada em 0,962% bruta. 

Para os certificados de aforro das restantes séries, a taxa para as capitalizações que ocorrerem em Outubro é de 2,968% para a série C, de 3% para a série B e de 2% para a série A; ou seja, obtém 2,1% líquidos com as séries C e B e 1,4% líquidos se tiver certificados da série A. As condições de remuneração, no que se refere ao prémio de 1% para a série B e de 2,75% para a série C, mantêm-se inalteradas até Dezembro de 2016. O rendimento é interessante comparativamente com as alternativas do mercado. A partir de 2017 serão retomados os prémios de permanência crescentes que vigoravam até 2012. O valor nominal é de um euro, o valor mínimo de subscrição é de cem euros e o máximo de 250 mil. Este produto não tem custos e subscreve-se nos correios. Não permite a mobilização no primeiro ano. 

Certificados Poupança Mais 

Lançado em 2013, é o instrumento de dívida pública mais popular junto dos investidores nacionais e também aquele que apresenta melhores taxas de remuneração. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal, este produto de poupança engordou 151 milhões de euros em Setembro, face ao mês anterior.
Este produto apresenta uma taxa de juro bruta de 1,25% no primeiro ano, que é crescente nos anos seguintes, para atingir 2,25%, em termos médios, ao fim de cinco anos. Nos dois últimos anos pode acrescer um bónus, consoante a taxa de crescimento do PIB.

Apesar de não ser um valor surpreendente, apresenta uma rentabilidade superior quando comparado com as alternativas existentes. Este produto financeiro destina-se essencialmente a quem esteja interessado em manter este investimento durante o prazo máximo (cinco anos). 

O valor mínimo de subscrição é de mil euros, e o máximo de um milhão de euros. Tal como o aforro, não permite mobilização no primeiro ano e também é subscrito nos balcões dos correios.

OTRV. Novo produto estatal 

O Estado prepara-se para comercializar um novo produto de investimento. Depois dos certificados de aforro e dos certificados do Tesouro Poupança Mais, é a vez das obrigações do Tesouro de rendimento variável (OTRV). Este instrumento financeiro é semelhante ao que já existe no mercado, mas com a diferença de ser destinado a investidores de retalho. Para já, ainda não há data para o seu lançamento, mas o governo acredita que estará no mercado a breve prazo e, no máximo, até ao final do ano.

Para já, este novo produto de poupança tem apenas enquadramento jurídico, não havendo ainda qualquer informação sobre o preço de emissão ou os prémios associados, uma das questões mais interessantes para avaliar a sua rentabilidade. Quanto à colocação, a agência de gestão da dívida pública (IGCP) estabelece que pode ser feita directa ou indirectamente, junto de investidores por uma instituição de crédito ou por consórcios de instituições de crédito a mandatar pela entidade. 

Obrigações do Tesouro 

Até há bem pouco tempo, adquirir obrigações do Tesouro (OT) era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou longo prazo com capital garantido. 

As obrigações do Tesouro são títulos com entre um e 30 anos, emitidos com ou sem cupão, taxa de juro fixa e amortizáveis no vencimento. Os particulares só as podem adquirir em bolsa e através de um intermediário, como um banco.

Actualmente, o seu rendimento varia entre -1,5% (OT Fevereiro 2016) e 2,35% (OT Fevereiro 2045). Só para maturidades entre dez e 30 anos é que o rendimento é superior a 1%, o que é muito pouco interessante para um aforrador. Ou seja, apenas teria esses valores se as subscrevesse à cotação actual e as mantivesse até ao vencimento.

Para maturidades até cinco anos, o rendimento das OT é negativo, ou seja, a soma dos juros dos cupões e o valor a receber no final não compensaria o que iria pagar por estes títulos. 

Este produto é o principal instrumento do Estado para satisfazer as suas necessidades de financiamento. 

Plano Poupança Reforma 

Os Planos Poupança Reforma (PPR) têm vindo a perder parte do interesse nos últimos anos, em parte devido à perda de benefícios fiscais. No entanto, continuam a ter outro tipo de vantagens fiscais, ou seja, a tributação à saída pode baixar até 8% sobre os ganhos, em vez dos 28% da maioria das aplicações financeiras. Todavia, o interesse de continuar a aplicar em PPR fica circunscrito aos aforradores entre os 40 e os 55 anos. “Quem está a menos de dez anos da aposentação não deve aplicar mais dinheiro em PPR”, refere a DECO. “Se tem um PPR e o desempenho deixa a desejar, transfira-o para outro mais rentável e com menos custos.” 

Outra alternativa passa por apostar nos PPR sob a forma de fundos de investimento e fundos de pensões.
O certo é que os PPR são uma opção de poupança de médio e longo prazo, exclusivamente para a reforma. Face a outros produtos, apresentam duas vantagens: benefício fiscal e acumulação de poupanças através de pequenos montantes. Para beneficiar das vantagens fiscais, apenas podem ser resgatados na reforma ou a partir dos 60 anos, desde que tenham decorrido cinco anos sobre as entregas. Antes dessa etapa da vida, só os pode mobilizar no desemprego de longa duração, incapacidade permanente para o trabalho ou doença grave (do participante ou de qualquer membro do agregado familiar); podem também ser utilizados para pagar as prestações do crédito à habitação.

Ouro 

É uma referência durante as épocas de crise, principalmente quando se vive instabilidade no sector financeiro e na dívida pública. Mas nem tudo é simples: “O brilho do ouro poderá eclipsar-se porque não há garantia de rendimento futuro.” É necessário respeitar regras, como ter cuidado com o local onde a aquisição for feita e o preço deste metal. 
Mas como deve fazer quem pretender apostar nesta matéria--prima? O ideal é que comece por investir nas formas que apresentam menores riscos. Deste modo, deve optar pela compra de ouro em barras, cujo peso varia entre 2,50 gramas e 12,50 quilos. A escolha depende do montante que pretende investir. 

Em Portugal, o peso do ouro expressa-se em euros por grama e as cotações derivam de Londres, onde o preço é fixado em dólares por onça (31,1 gramas). Pode também comprar moedas de ouro. Existem milhares de moedas diferentes em todo o mundo, mas as mais populares são a libra esterlina e os reis portugueses. Poderá aceder à cotação em revistas ou casas de numismática. No mínimo, as moedas valem o seu peso à cotação do ouro em barra divulgada pelo Banco de Portugal. No entanto, esta é a forma mais usual e fácil de investir nesta matéria-prima. Tenha cuidado com o local e o preço do ouro onde faz a aquisição. Não se esqueça de que o rendimento do ouro é muito incerto, já que o investidor não tem garantias de obter lucro ou mesmo de recuperar a totalidade do investimento. Para investir indirectamente pode apostar nos fundos de investimento: exchange – traded funds (ETF) – e warrants, que são as opções preferidas dos portugueses.

Bolsa

O investimento directo na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe directamente as acções que deseja, ou através de fundos de acções, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassar as flutuações do mercado. 

Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizar a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentarmos adivinhar o melhor momento para investir. 

Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado activo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada em que apostamos em vários activos e, eventualmente, em classes de activos distintas.

Não se esqueça da regra do “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e sectores, consegue reduzir as flutuações do investimento. 

Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros – isto porque a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil de investidor, que pode ser resumido através do valor da sua carteira, da frequência e do montante das ordens de bolsa, dos mercados nos quais negoceia e dos dividendos que recebe anualmente. Para fazer a melhor escolha, recorra aos vários simuladores existentes.