O carro dos meus sonhos


A etimologia da palavra automóvel estará finalmente cumprida.


© Shutterstock

Um dia, todos os carros serão movidos a energia eléctrica. Noutro dia, todos os carros se conduzirão sozinhos. A seguir, a propriedade será substituída pela partilha (carsharing). E a forma como nos relacionamos com os carros mudará, dando outro sentido à palavra automóvel. O escândalo da Volkswagen acelerou a dinâmica dos veículos eléctricos, que gastam muito menos euros para se mexerem e são menos poluentes. Aos poucos, os seus preços vão descer, tornando-os acessíveis a todos. A Google e a Tesla estão a conseguir progressos notáveis nos veículos que se guiam a eles próprios.

Dotados de sensores na carroçaria e ligados entre eles por Bluetooth, cada carro detectará os outros veículos que estão à sua volta e também nas estradas que pretende tomar. Em poucos anos, a condução automóvel estará interdita aos humanos e será privilégio das máquinas.

Explicação: um condutor pode--se distrair, adormecer ao volante ou conduzir bêbedo. Um computador, não. Finalmente, a partilha dos veículos será popularizada, permitindo que em vez de comprarmos um carro, precisemos apenas de apertar num botão no nosso telemóvel para que um veículo eléctrico automatizado venha buscar-nos ao local de trabalho e levar-nos até a casa ou ao cinema – um táxi “robô” pago por utilização e que, depois de prestar o serviço, volta para recarregar na sua garagem. Claro que isto é ficção científica.

Por agora. Se alguém, há 20 ou 30 anos, vos falasse da internet, da quantidade de coisas que agora fazemos pelo telemóvel ou na “internet das coisas”, também era tudo ficção científica. Efeitos colaterais: garagens dos prédios reconvertidas em espaços habitacionais e de lazer, extinção das escolas de condução e dos seguros automóveis, adolescentes que se transportam sozinhos para a escola ou de visita a casa dos avós.

Diminuição brutal da sinistralidade automóvel e transformação das companhias de transportes públicos em provedores de mobilidade partilhada (isto é, automóveis que recebam os pedidos de três ou quatro clientes distintos, os recolham nas suas casas ou escritórios e os levem até às suas reuniões numa cidade a 100 quilómetros de distância).

Ah, e claro, passaremos o tempo dentro dos carros a ler, ver filmes, trabalhar, e não para nos stressarmos ou insultarmos uns aos outros. Finalmente, à noite, não veremos carros estacionados nas ruas das cidades. Então, a etimologia da palavra automóvel estará finalmente cumprida. 

Escreve à sexta-feira

O carro dos meus sonhos


A etimologia da palavra automóvel estará finalmente cumprida.


© Shutterstock

Um dia, todos os carros serão movidos a energia eléctrica. Noutro dia, todos os carros se conduzirão sozinhos. A seguir, a propriedade será substituída pela partilha (carsharing). E a forma como nos relacionamos com os carros mudará, dando outro sentido à palavra automóvel. O escândalo da Volkswagen acelerou a dinâmica dos veículos eléctricos, que gastam muito menos euros para se mexerem e são menos poluentes. Aos poucos, os seus preços vão descer, tornando-os acessíveis a todos. A Google e a Tesla estão a conseguir progressos notáveis nos veículos que se guiam a eles próprios.

Dotados de sensores na carroçaria e ligados entre eles por Bluetooth, cada carro detectará os outros veículos que estão à sua volta e também nas estradas que pretende tomar. Em poucos anos, a condução automóvel estará interdita aos humanos e será privilégio das máquinas.

Explicação: um condutor pode--se distrair, adormecer ao volante ou conduzir bêbedo. Um computador, não. Finalmente, a partilha dos veículos será popularizada, permitindo que em vez de comprarmos um carro, precisemos apenas de apertar num botão no nosso telemóvel para que um veículo eléctrico automatizado venha buscar-nos ao local de trabalho e levar-nos até a casa ou ao cinema – um táxi “robô” pago por utilização e que, depois de prestar o serviço, volta para recarregar na sua garagem. Claro que isto é ficção científica.

Por agora. Se alguém, há 20 ou 30 anos, vos falasse da internet, da quantidade de coisas que agora fazemos pelo telemóvel ou na “internet das coisas”, também era tudo ficção científica. Efeitos colaterais: garagens dos prédios reconvertidas em espaços habitacionais e de lazer, extinção das escolas de condução e dos seguros automóveis, adolescentes que se transportam sozinhos para a escola ou de visita a casa dos avós.

Diminuição brutal da sinistralidade automóvel e transformação das companhias de transportes públicos em provedores de mobilidade partilhada (isto é, automóveis que recebam os pedidos de três ou quatro clientes distintos, os recolham nas suas casas ou escritórios e os levem até às suas reuniões numa cidade a 100 quilómetros de distância).

Ah, e claro, passaremos o tempo dentro dos carros a ler, ver filmes, trabalhar, e não para nos stressarmos ou insultarmos uns aos outros. Finalmente, à noite, não veremos carros estacionados nas ruas das cidades. Então, a etimologia da palavra automóvel estará finalmente cumprida. 

Escreve à sexta-feira