Primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo. Stop. Alto lá e pára o baile, o oitavo é o Benfica. Nono, décimo, décimo primeiro, décimo segundo, décimo terceiro, décimo quarto, décimo quinto, décimo sexto. Stop. Alto e pára o baile, o décimo sexto é o Tondela. É isso mesmo, Tondela-Benfica abre hoje a jornada da liga em campo neutro (Aveiro), o mesmo que provoca o surpreendente 1-0 doArouca a este Benfica, na 2.a jornada.
Se o Tondela tem um Kaká (autor da única vitória do Tondela, vs. Nacional), oBenfica tem Gaitán, o jogador mais influente do campeonato com a saída de Jackson para oAtlético Madrid. O problema é que isso nem sempre chega.Quando o homem está para aí virado, o Benfica cresce e faz-se gente. Caso contrário, é um oceano de desilusões.
O balanço em 2015/16 é confrangedor: oito derrotas e sete vitórias mais dois empates em 17 jogos. É fraco, muito fraco. Nada condizente com o clube – e com o estatuto de bicampeão. Se a isso acrescentarmos o título perdido para oSporting em Agosto (Supertaça), habemus o caldo entornado. Se a isso somarmos o 1-0 noAlgarve, o 1-0 noDragão e o 3-0 na Luz com oSporting, faz-se 5-0 em 270 minutos. Zero golos zero. Mau mau maria, o Benfica está mesmo mal. Excepção feita à vitória em Madrid (2-1 sobre oAtlético), o onze de Rui Vitória não sai da cepa torta.
Já se sabe, a onda de resultados menos positivos (ou mais negativos, depende da perspectiva) provoca mal-estar. Para cúmulo, a sombra de Jesus alarga-se com o tempo. Diz ele, do alto do primeiro lugar. “O Rui Costa é o único elemento daquela estrutura toda que percebe de futebol. É o único que tem algum conhecimento das coisas. É, na minha opinião, o elemento que dá àquelas pessoas que gravitam todas à volta da estrutura do futebol, e que não entendem nada daquilo, alguma sustentabilidade ao nível do conhecimento do jogo e do jogador. O eventual futuro que o Benfica possa ter no futebol ou passa pelo Rui Costa ou não passa por ninguém.”
Vai daí, a conferência de imprensa de Rui Vitória tem nome próprio e apelido: Jorge Jesus. Há um desconforto mais que evidente no pergunta-resposta com os jornalistas noSeixal. Um: “Provocações de Jorge Jesus? É uma pergunta tão descabida que nem me dá vontade de responder. Não comento, nem quando ganho nem quando perco.” Dois: “Sobre as heranças dele? Há uma coisa que ninguém me tira. É na convicção, no acreditar e no saber que estou a representar um grande clube. Ponto final, parágrafo.”
Se é parágrafo, é fazer enter, abre aspas e… três: “Se há jogadores que não estão comigo? Outra pergunta descabida que nem vou comentar. Os jogadores estão comigo, siga.”
Siga mesmo, é dia de Tondela-Benfica. O campeão visita, por assim dizer, um recém-promovido. Quando é que isso acontece e quais os resultados?
Atlético, Janeiro 1944
O Benfica de Janos Biri é campeão em 1941/42 (quatro pontos de avanço sobre oSporting) e 1942-43 (um ponto sobre oSporting). Na época seguinte perde-se o encanto entre Biri e Benfica. Não há como encaixar duas vitórias seguidas. À sétima jornada, na Tapadinha, oAtlético dá o golpe de asa com um inequívoco 3-1.Ao intervalo, 2-0 (bis de Catrinana). Júlio reduz aos 49’, Jesus (que sina) fixa aos 59’.
Tirsense, Novembro 1967 O
Benfica de Fernando Riera é campeão em 1966/67 com três pontos de vantagem sobre a Académica. De olho no bis, há deslizes aqui e ali. O primeiro é no Restelo (0-0), o segundo é emSanto Tirso. Outro nulo.Nem comEusébio (o do Benfica).
Paços, Outubro 1991
O Benfica de Sven–Göran Eriksson ganha o título 90/91 com o 2-0 de César Brito nas Antas. No ano seguinte, o sueco perde o ritmo para o Porto de Carlos AlbertoSilva. Um dos deslizes mais mediáticos é com o Paços, o campeão da Honra. A equipa de Vítor Oliveira adianta-se por Adalberto e Eriksson socorre-se, mais uma vez, do suplente César Brito para o 1-1 final.
Naval, Outubro 2005
O Benfica de Giovanni Trapattoni é campeão na última jornada, com o 1-1 no Bessa. Chega o Verão e o italiano é substituído por Ronald Koeman. O holandês perde em Alvalade, ganha noDragão e, vejam lá bem, tropeça na Figueira da Foz. A Naval de Cajuda marca por Bruno Fogaça (72’), vale o empate de Nuno Gomes (81’).
Tondela-Benfica às 20h30 na Sport TV1