A polícia turca invadiu ontem de manhã em Istambul os canais televisivos Bugün TV e Kanaltürk, que pertencem a um grupo de comunicação ligado à oposição. A invasão acontece quatro dias antes das eleições legislativas antecipadas.
Durante a transmissão ao vivo, a polícia entrou nas sedes das duas emissoras, que são propriedade do grupo Koza-Ipek, e usou gás lacrimogéneo, jactos de água e bastões contra os funcionários que ainda tentaram impedir o ataque, causando alguns ferimentos em jornalistas.
As autoridades turcas abriram os portões com serras eléctricas, como mostram várias imagens exibidas ao vivo pelo site da Bugün TV. Os agentes e os novos administradores do grupo, nomeados pela justiça, assumiram o comando dos canais, apesar da oposição do chefe de redacção da Bugün TV, Tarik Toros.
“Caros telespectadores, não se surpreendam caso vejam a polícia invadir o nosso estúdio nos próximos minutos”, avisou Toros em directo. A justiça turca decidiu na segunda-feira assumir o controlo do grupo Koza-Ipek, acusado por Ancara de financiar, recrutar e fazer propaganda a favor de Fethullah Gülen, principal adversário do actual presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Gülen já foi aliado de Erdogan, mas tornou-se o seu principal “inimigo” depois de um escândalo de corrupção em 2013 que envolveu alguns membros do governo. Erdogan acusa Gülen de estar a tentar derrubar o governo. Estão ainda planeadas acções legais contra jornais da oposição, incluindo o jornal nacional “Sozcu”, avançou Aydin Unal, deputado do partido AKP.
No mês passado, a sede do jornal “Hurriyet” foi alvo de um ataque depois de Erdogan o ter criticado.
