Dois cavalheiros ingleses mas pouco

Dois cavalheiros ingleses mas pouco


“Lendas do Crime” **


Parte boa deste “Lendas do Crime”: Tom Hardy a dobrar. Isto, claro, partindo do princípio de que quem vê o filme vai à bola com o trabalho do actor inglês.

O homem faz de gémeos, coisa que não é inédita mas é sempre curiosa (assim de repente lembramo-nos de “Duplo Impacto”, com Jean-Claude Van Damme, mas este vale mais a pena, ainda assim). E naturalmente que não o é por questões técnicas – essas hoje, como diria o outro, são como amendoins. Vale a pena porque Hardy faz de Ronald e Reginald Kray, dupla que, entre as décadas de 50 e 60, transformou Londres num pátio gigante para assuntos de vilanagem.

Cada um ao seu estilo, um mais patrão, outro mais dado a resolver problemas à estalada (mas daquela com casca grossa), enchem toda a história ao estilo de um filme de Guy Ritchie mas realizado por Brian Helgeland.

E assim chegamos à parte menos boa do mesmo “Lendas do Crime”. Para lá de Tom Hardy não há muito mais que nos reclame atenção. Porque as personagens secundárias merecem bem esse estatuto, porque a história não vai além daquilo que a dupla faz e porque as diferentes tiradas que se querem humorísticas acabam por resultar apenas como ponte para o momento de explosão do mano menos dado à paciência.

E atenção, se ter Tom Hardy vezes dois é bom para os fãs do actor, pode não ser a melhor das propostas para quem nele vê um tipo de bom físico e olhar ambíguo para momentos dramáticos que não exigem grande diálogo.E na verdade até que é fácil ficarmo-nos por aí quando se trata de Hardy. 

"Lendas do Crime”
**

De Brian Helgeland 
Com Tom Hardy, Emily Browning, TaronEgerton