Banif. Acções têm a pior performance do PSI20

Banif. Acções têm a pior performance do PSI20


Perda dos títulos deve-se à desconfiança dos investidores quanto à capacidade do banco de devolver a dívida subordinada ao Estado.


As acções do Banif continuam a registar fortes perdas no mercado bolsista. Na sessão de ontem os títulos caíram mais de 4%, a valer 20 dêcimas de milésio de euro por acção, mas durante a sessão chegaram a cair um máximo de 17,84%.

Mas as quedas não se ficam por aqui. Desde o início da semana já desvalorizaram 30% e desde o início do ano o banco perde mais de 60% da sua capitalização. “É a acção do PSI20 a apresentar a pior performance desde o início do ano”, revela ao i o analista da XTB Pedro Ricardo Santos.

De acordo com o analista, esta queda deve-se ao receio dos investidores, que continuam a achar que a instituição financeira não vai pagar o empréstimo ao Estado (CoCos) e como tal “temem que essa dívida possa ser convertida em capital, diluindo muito a posição dos accionistas”. O analista lembra ainda que “a injecção de capital na instituição resultou de um plano de reestruturação, que ainda aguarda autorização da autoridade da concorrência da Comissão Europeia. Nos últimos dias a pressão sobre o título tem sido cada vez maior, “resultado da instabilidade política que atravessamos”.
Também as incertezas em relação ao que o Estado vai fazer ao Banif não ajudam a estabilizar a situação financeira do banco. O Estado detém 60,5% da instituição financeira, depois de ter injectado inicialmente 700 milhões e mais tarde descapitalizado o banco com 400 milhões de euros em obrigações de capital contingente (CoCos).

O que é certo é que no final do ano passado o Banif já devia ter pago 125 milhões de euros relativos à ultima tranche de 400 milhões de euros. No entanto, a instituição liderada por Jorge Tomé não conseguiu regularizar esse pagamento sem que os rácios de capitalização caíssem para níveis que o Banco de Portugal consideraria desconfortáveis.

Impasse As preocupações dos investidores também se acentuaram nas últimas semanas com as declarações trocadas entre PS e coligação PSD/CDS. “Os discursos de António Costa e Maria Luís Albuquerque voltaram os holofotes para o banco. O grande receio neste momento passa pelo aumento da posição estatal no banco, que levaria a uma diluição das posições dos actuais accionistas, já que é cada vez menos provável que existam interessados na aquisição da instituição. Desde as palavras da actual ministra das Finanças, o activo desvalorizou em bolsa aproximadamente 37%”, refere ainda Pedro Ricardo Santos. O líder socialista, António Costa, acusou o PSD/CDS de “fazer cair surpresas desagradáveis em cada reunião” com vista à viabilização de um governo e de “omissões gravíssimas” em relação às contas públicas. Em resposta, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, emitiu um comunicado referindo que “nessas reuniões não foram “suscitadas quaisquer preocupações ou informações sobre temas que não sejam do conhecimento público”, nomeadamente no “caso do processo de privatização da TAP ou da investigação aprofundada sobre o Banif iniciada pela Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia”.

 A Comissão Europeia avançou, no passado mês de Julho, com uma investigação aprofundada para apurar se o auxílio que o Estado português concedeu ao Banif é compatível com as regras da União Europeia em matéria de auxílios estatais. A Direcção-Geral da Concorrência Europeia revelou na altura que “a versão final do plano de reestruturação deve garantir a viabilidade do banco a longo prazo e limitar as distorções de concorrência que o auxílio estatal gerou”. Portugal apresentou um plano de reestruturação do Banif. Este plano foi várias vezes alterado e a última modificação foi feita em Outubro de 2014.

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