O Aleixo é um bairro. Um local a evitar, um mercado de drogas e um estigma para quem lá mora. Em certos momentos, quase todas as cidades têm os seus guetos. O que pode fazer a diferença é saber acabar bem com eles.
O Bairro do Aleixo nasceu em 1974 e tornou-se rapidamente um problema social grave, um foco de tráfico e marginalidade, que se propaga às imediações. Não é possível acabar com o negócio da droga. Mas pode-se sempre tentar que ele não transtorne completamente a vida às pessoas nem transforme em buraco negro uma parcela de território.
Das cinco torres do bairro, a primeira foi implodida em 2011 e a segunda há dois anos. Com o realojamento prévio dos moradores, as restantes três têm os dias contados.
O processo é longo e demorado. Conseguir financiá-lo em época de crise é ainda mais complexo. Sobre o que aí vem, além de cumprir as regras e os planos de ordenamento, será necessariamente bem estudado e, como tudo o que é novo no Porto, muito, mas muito discutido.
A extraordinária posição na encosta do Douro e a circunstância de a maior parte dos terrenos serem privados ajudará à intensidade do debate. A grande questão é que, seja o futuro Aleixo um condomínio de luxo seja uma área verde de uso público (ou, idealmente, a soma de ambas), os actuais moradores já estarão então a viver em casas novas e decentes e poderão ambicionar para si uma vida normal.
O certo é que o enorme e degradado espaço que vai da Arrábida até quase ao Fluvial deixará de ser um choque estético, um drama social e uma miséria moral.
E voltará a ser uma das melhores vistas sobre a Foz. A cidade agradece.
Escreve à quinta-feira