Calma, não é caso para tanto. O i reuniu resultados de estudos sobre cancro colorrectal, consultou os mais recentes dados sobre o consumo de carne em Portugal, falou com a nutricionista Lillian Barros e concluiu que o corte não tem de ser radical. Moderação, como em quase tudo, é a resposta.
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O que são carnes processadas?
Carnes que foram transformadas através de salga, fumeiro, fermentação ou qualquer outro processo que ajude a melhorar o sabor e a conservação.
Cinquenta gramas chegam para aumentar o risco de cancro. Mas o que são 50 gramas?
Muito pouco. Corresponde a uma salsicha, três fatias de fiambre ou 1,5 de bacon ou presunto.
Mas se a carne processada for de aves não há problema?
Errado. A nutricionista Lillian Barros defende que “dentro do péssimo, é o menos mau”, mas apela à moderação no consumo: “Não é por o fiambre ser de peru ou as salsichas serem de frango que se podem comer à vontade.”
Se não devo pôr fiambre, presunto e salsichas no pão, quais são as alternativas?
A nutricionista faz três sugestões e garante que o sabor continua a ser intenso: manteiga de frutos secos (caju, amendoim ou amêndoa), húmus ou pasta de abacate.
Devemos deixar de comer carne vermelha?
A quantidade de carne vermelha aconselhada numa dieta diária não é ponto de concordância entre os especialistas. Lillian Barros, apesar de não defender o corte radical, acredita que pode ser deixada para refeições especiais. Mesmo assim, dentro da carne vermelha o lombo (menos gorduroso) é preferível às costeletas.
Os portugueses consomem muita carne vermelha e alimentos processados?
É raro o prato típico português que não leve carne vermelha ou enchidos, mas a verdade é que os hábitos de consumo estão a mudar. De acordo com dados do INE, o consumo de carne bovina desceu de 19,6 kg por habitante em 2008 para 16,7 em 2012. A carne de porco passou de 47,1 kg por habitante em 2008 para 43,3 kg em 2012. Já o consumo de carne de aves tem vindo a aumentar. Passou de 33,8 kg por habitante em 2008 para 35,8 kg em 2012.
Qual é a incidência do cancro colorrectal em Portugal?
Segundo o relatório da Globocan 2012, o cancro colorrectal é a terceira causa de morte por cancro em todo o mundo, com cerca de 1,4 milhões de novos casos. Em Portugal, o cancro digestivo – que engloba o intestino (colorrectal), o estômago, o fígado, o pâncreas e o esófago – é o que mais mata, registando-se cerca de 10 mil mortes por ano. Em 2012 o cancro colorrectal matou 3797.
Existem outros alimentos que podem aumentar o risco de desenvolver este cancro?
Vários estudos sugerem que uma dieta rica em gorduras, especialmente animais, e pobre em cálcio e fibras pode aumentar o risco de cancro colorrectal. O baixo consumo de frutas e vegetais também está relacionado com este tipo de patologia.