Rapaz que apontou arma a professores estava a antidepressivos

Rapaz que apontou arma a professores estava a antidepressivos


Tem 14 anos e foi-lhe diagnosticada uma depressão há um ano. Ontem de manhã entrou armado na aula de Português e ameaçou matar-se.


Acabou internado no serviço de Pedopsiquiatria do Hospital de Coimbra, onde já era seguido há vários meses. O rapaz de 14 anos que ontem entrou armado no Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache, e ameaçou uma professora e o director tinha uma depressão diagnos-ticada e estava sob o efeito de antidepressivos.

O episódio terminou sem feridos, mas os alunos e os professores do colégio jesuíta do concelho de Coimbra não ganharam para o susto. Pouco antes das 9h da manhã, um adolescente entrou atrasado na aula de Português, vestido de palhaço e com uma arma de plástico na mão. Tinha sido visto nos arredores da escola por volta das 7h30, mas só às 8h30 atravessou os portões e, em vez de seguir para a aula, dirigiu-se à casa de banho, onde se maquilhou e mascarou. 
Minutos depois, e já dentro da sala, ameaçou com a arma os 29 colegas de turma e a professora de Português. Quando a docente tentou tirar-lhe o brinquedo, o aluno apontou--lhe um revólver verdadeiro e carregado e ameaçou disparar. A professora conseguiu convencê-lo a sair da sala e cá fora, no corredor, já estava o director do colégio – a quem o adolescente também apontou a arma, ao mesmo tempo que fazia uma série de exigências, como falar com determinados colegas e professores e ameaçando suicidar-se.

Além de empunhar a pistola – uma Tauros de calibre 32 mm –, o rapaz ameaçou detonar uma bomba, supostamente activada por um pequeno objecto que segurava na mão. Porém, o director terá percebido que se tratava apenas de um afinador de guitarras e conseguiu imobilizá-lo, retirando-lhe a pistola carregada. Pelo meio, o rapaz foi citando trechos da Bíblia, num discurso desconexo. 

Quando a GNR chegou à escola o problema já tinha sido resolvido e o adolescente acabou por entregar a arma e as munições que trazia consigo aos militares, sem que se tivessem registado feridos.

mãe morreu há cinco anos O aluno, contou ao “Público” o director da escola, frequenta o colégio jesuíta há cinco anos e está a repetir o oitavo ano de escolaridade. No entanto, e apesar de ter chumbado, António Franco garantiu que se trata de um estudante “com uma inteligência acima da média”, ainda que com alguns problemas em casa: a mãe morreu há cerca de cinco anos e há alguns meses, depois de vários episódios de agressividade com colegas e professores, foi-lhe diagnosticada uma depressão – doença para a qual fará medicação. A seguir ao incidente, o adolescente foi levado pela GNR para o Hospital Pediátrico de Coimbra, onde passou a noite e recebeu acompanhamento pedopsiquiátrico.

a arma do pai A GNR confirmou, ontem ao início da tarde, que a arma, devidamente legalizada, é do pai – que garantiu aos militares estar guardada num cofre em casa, que o filho terá conseguido abrir. Por o rapaz ser menor de idade, não poderá ser aberto um processo-crime, mas o caso resultará num processo tutelar educativo, que, no limite, poderá determinar o internamento do rapaz num centro educativo. A GNR começou ontem a ouvir professores e familiares e a investigação continuará a decorrer, até porque ontem não foi avançada uma explicação para o comportamento do jovem. Entretanto, também o colégio jesuíta se prepara para abrir um processo disciplinar e terá de comunicar o incidente à Direcção-Geral da Administração Escolar.