“Portugal é nestas semanas o reino de Maquiavel”, escreve Javier Martin, correspondente do diário espanhol “El País”, num artigo titulado “Governo nomeia Passos Coelho em Portugal com um aceno aos socialistas”.
O jornal espanhol destaca o facto de Passos Coelho ter apresentado o seu novo executivo, ainda que a maioria de esquerda o vá derrubar dentro de alguns dias. A novidade é, diz o “El País”, a criação de um ministério para a Cultura, uma reivindicação do programa do PS. E, nesse sentido, sustenta o jornalista, esta “piscadela ao PS é só o primeiro detalhe de uma estratégia do PSD/CDS para demonstrar que ao PS não lhe interessa pactuar com o centro-direita, apesar de a coligação aceitar grande parte do programa socialista”.
A intenção da coligação é, segundo o jornalista, tentar “demonstrar que o PS não vai governar com o seu programa, mas com as exigências de bloquistas e comunistas”.
Já o diário francês “Le Figaro”, sob o título “Pedro Passos Coelho reconduzido no posto de primeiro-ministro”, dá conta da indigitação, mas refere que António Costa, líder do PS, “reivindica” para si o lugar de primeiro-ministro, afirmando estar em condições de formar um governo com os partidos de esquerda e antiliberais.
Uma “tal união de esquerda associa o PS, o Bloco de Esquerda, partido aparentado com o Syriza, o Partido Comunista e os Verdes”, o que, conclui, “será inédito em Portugal desde as primeiras eleições legislativas, em 1976”.
Para o jornal belga “La Libre”, a esquerda, maioritária no parlamento, “faz bloco face ao futuro governo de direita”. E diz que na primeira reunião da Assembleia da República se deu início à “batalha para derrubar o futuro governo de direita”.