Açores querem promover produção de café única na Europa

Açores querem promover produção de café única na Europa


Um grupo de produtores de café da ilha Terceira acaba de formar uma associação regional visando transformar e comercializar o produto através da criação de uma unidade industrial, com recurso a fundos comunitários.


Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da Associação de Produtores Açorianos de Café, Jorge Tiago, referiu que existem cerca de 100 produtores associados ao projecto e que cerca de 20 têm áreas de cultivo de alguma dimensão no único local da Europa – o arquipélago – onde é produzido café.

Jorge Tiago referiu que os produtores de café não se sentiam muito incentivados em cultivar a planta que lhe dá origem em grandes quantidades, porque não têm como transformá-la e comercializá-la, acabando por promover culturas meramente domésticas, também com fins de jardinagem.

Referindo que foram já criados os estatutos e que a associação foi registada este mês, o porta-voz explicou que o levantamento feito aponta para cerca de uma centena de produtores na ilha Terceira, havendo um grupo que pretende aumentar a sua área de cultivo para os mil, dois mil ou mesmo quatro mil metros quadrados.

“Como bons produtores, vamos contar com 20 a 30, o que é bastante significativo”, declarou o responsável pela associação, que refere que a introdução da planta do café nos Açores data “toda da mesma altura”.

De acordo com Jorge Tiago, a introdução da planta do café resulta da ligação de vários açorianos às antigas colónias portuguesas. Em 1975, houve por parte das entidades oficiais uma tentativa de incremento da cultura do café nos Açores, que não resultou.

Em São Jorge existe uma maior produção de café porque esta foi sendo mantida devido à escassez de bens essenciais na ilha, contrariamente ao que aconteceu na Terceira e noutras zonas do arquipélago, como São Miguel, de acordo com o porta-voz da associação.

Jorge Tiago – que salvaguardou que “as espécies da planta são as mesmas” do que as de São Jorge – referiu que vender o grão do café verde não seria uma dificuldade, uma vez que qualquer operador de grande dimensão exterior aos Açores “não se importaria de ficar com ele, comercializando-o depois”.

Contudo, pretende-se com a constituição da associação, a que todos os produtores da região podem aderir, criar no arquipélago valor acrescentado, com refação (processo de transformação) e embalagem do café para comercialização.

“A associação também aparece porque as acções de descasca, fermentação e secagem – que não pela via da refação, mas através da exposição ao sol – são procedimentos mais ingratos. Havendo a associação e uma indústria transformadora, haverá mais interessados em plantar o café, que poderão deixar a seu cuidado a transformação do produto”, explicou.

Actualmente, existe nos Açores uma produção de café em São Jorge, na Fajã dos Vimes, que tem uma produção suficiente para abastecer o Café Nunes, por onde passam inúmeros turistas só para provar o expresso local, devido às suas características.

A plantação de Manuel Nunes, 63 anos, fica nas traseiras do seu café e, ao todo, tem hoje entre 350 e 400 plantas. Quando comprou o primeiro terreno, há 35 anos, havia apenas "meia dúzia", mas foi aumentando a área de plantação e todos os anos a produção aumenta.

Os proprietários do café da plantação de Manuel Nunes acabam de registar o seu produto no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, visando proteger a sua origem.

Lusa