O escritor angolano José Eduardo Agualusa considerou esta terça-feira que o objectivo da greve de fome do rapper luso-angolano Luaty Beirão "não foi cumprido", mas "chamou a atenção" para a questão dos presos políticos em Angola.
{relacionados}
"O objectivo a que se propunha não foi conseguido, que era o de esperar em liberdade pelo julgamento. Mas, na realidade, aquilo que mais importava, que era chamar a atenção para os presos políticos, foi conseguido completamente. Gerou-se um movimento de solidariedade dentro e fora do país, que gerou uma dimensão que ninguém estava à espera. Aí ele triunfou completamente", frisou o escritor angolano.
Agualusa disse que o futuro “desta luta" de Luaty Beirão está explicado na carta em que anuncia o fim da greve de fome, com a indicação de que já existe hoje, em Angola, "um verdadeiro movimento pró-democracia".
"Mais do que um movimento solidário, o que existe hoje em Angola é um verdadeiro movimento pró-democracia. É muito interessante um parágrafo em que ele diz: «já não somos jovens ‘revus', já não estamos sós, em Angola somos todos necessários, somos todos revolucionários»", parafraseou Agualusa.
"Ele próprio (Luaty Beirão) diz isso na carta. Somos todos revolucionários, foi assim que o nosso país nasceu, mas desta vez lutamos por uma verdadeira transformação social em paz. O que está a dizer é que não vai parar com a sua luta, em paz, e que o que está lançado hoje em Angola é um movimento pró-democracia que, de repente, tem uma liderança, uma amplitude que não tinha antes de os jovens serem presos", sustentou Agualusa.
Lusa