Em forma de roteiro, e para que nada falhe, desafiámos o director do Amadora BD, Nelson Dona, a apresentar-nos os destaques deste ano. Os mais novos e os outros, os convidados especiais e os homenageados, mais o director de um museu americano e um clássico dos quadradinhos portugueses. Para ver até 8 de Novembro no Fórum Luís de Camões.
1. Exposição Central – A Criança na BD
“Partindo da celebração do centenário das personagens infantis Quim e Manecas, de Stuart Carvalhais, verdadeira vanguarda na BD europeia da época, a exposição central do Amadora BD é um olhar e uma reflexão sobre todas as crianças que marcaram gerações que foram lendo banda desenhada. Numa exposição não cronológica, partimos de Max und Moritz do alemão Wilhelm Busch, criados em 1865, e passamos por The Katzenjammer Kids, Yellow Kid, o Pimentinha (Dennis the Menace), Peanuts, Mafalda ou Calvin. Haverá uma série de desenhos originais de coleccionadores e museus do mundo inteiro, como Little Nemo, de Winsor McCay, Peanuts, de Charles M. Schulz, ou Mafalda, de Quino. Não só na exposição central, mas em toda a área do Amadora BD, o mote para o projecto foi o universo infantil e os parques de diversões. Ao longo do percurso expositivo há pequenas portas e túneis que levam a outros mundos só acessíveis aos mais pequenos, ‘escadas-palhaço’, um escorrega, um labirinto, cinema de animação e o habitual espaço infantil onde serão realizados ateliês.”
2. Zona de Desconforto
“É a exposição do Melhor Álbum Português de 2014, editado pela Chili com Carne. Dez autores (Amanda Baeza, André Coelho, Cristina Casnellie, Daniel Lopes, David Campos, Francisco Sousa Lobo, José Smith Vargas, Júlia Tovar, Ondina Pires e Tiago Baptista) que foram de Portugal para outros países para estudar ou trabalhar, uma saída da chamada zona de conforto que é retratada neste álbum e nesta exposição, onde podemos viajar com os autores até Barcelona, Holanda, Berlim, País Basco, Guiné-Bissau, Senegal, Londres, Buenos Aires e Brasil.”
3. Lawrence Klein Lx Factory
“Este ano, recebemos o fundador do MoCCA – Museum of Comic and Cartoon Art de Nova Iorque, Lawrence Klein, que lançou um desafio a diversos autores de BD portugueses: criarem obras que fundissem as culturas portuguesas e americanas. Na exposição Lisbon Calling, que faz parte da programação paralela do festival e pode ser visitada no Ponto das Artes, na Lx Factory, podemos ver heróis da banda desenhada americana em cenários tipicamente portugueses, por exemplo, o Wolverine a afiar as garras num amolador de tesouras ou o Charlie Brown e o Snoopy na mercearia do Evaristo, do Pátio das Cantigas. Há desenhos de Joana Afonso, João Tércio, Nuno Duarte, Pepe del Rey, Pedro Ribeiro, Ricardo Cabral, Nuno Saraiva, Nuno Rodrigues, Pedro Brito, Filipe Andrade, Marta Teives, Nuno Rodrigues, Pedro Ribeiro Ferreira, Ricardo Venâncio, Osvaldo Medina, Penim Loureiro, Haga e Dileydi Florez.”
4. Reinhard Kleist desenha ao vivo no Musicbox e tem exposição no festival
“Em parceria com o Goethe Institut, organizamos uma exposição sobre a obra do alemão Reinhard Kleist, maioritariamente focada no álbum ‘O Pugilista’, cuja edição portuguesa será lançada pela Polvo durante o festival. Este autor, que tem também alguns trabalhos ligados ao universo da música, vai estar no dia 7 de Novembro a fazer uma sessão de live drawing no Musicbox, durante um dj set com músicas de Nick Cave e Johnny Cash, dois dos músicos que já desenhou.”
5. Autógrafos
“Aos fins-de-semana, entre as 15h e as 19h, é a oportunidade de os fãs de BD e Cartoon terem autógrafos desenhados dos seus autores preferidos nos álbuns ou numa folha em branco. Estão confirmados para este fim-de-semana Mathieu Sapin (está a preparar um álbum policial cujo acção se passa na Amadora), o grego Yannis Ioannou (faz parte da exposição sobre a crise grega que teremos na Galeria Municipal Artur Bual), o brasileiro André Diniz, que vem à Amadora apresentar um álbum antes da sua edição no Brasil, Joana Afonso, autora em destaque em 2014 que este ano tem alguns lançamentos no festival, Nuno Duarte, vencedor do prémio de melhor argumento 2014, André Oliveira (melhor argumento 2015 com exposição no festival), Luís Louro, que tem uma exposição e fará o lançamento de Jil Del Monaco – O Cemitério dos Elefantes, Álvaro (também com exposição dedicada ao melhor álbum de tiras humorísticas), Ondina Pires, uma das autoras de Zona de Desconforto, entre outros.”
6. Jim Del Monaco
“Luís Louro tem um percurso vastíssimo e criou a personagem Jim Del Monaco há 30 anos, e agora lança o álbum comemorativo deste aniversário: ‘Jim Del Monaco – O Cemitério dos Elefantes’. Nesta edição iremos apresentar uma exposição sobre esta série que nasceu no dia 12 de Outubro de 1985 na secção Tablóide do ‘Sábado Popular’, suplemento do ‘Diário Popular’, passando depois para a revista ‘O Mosquito’, tornando-se um caso de sucesso raro na BD portuguesa. O autor estará também a dar autógrafos nos três fins-de-semana do Amadora BD.”
7. OXI e o Cartoon Grego
“O Amadora BD não quis deixar de lado a crise europeia e o recente caso da Grécia, e convidou cartoonistas gregos para partilharem com o nosso público os desenhos que criaram durante os últimos meses, em que a Grécia se tornou o centro dos assuntos políticos e mediáticos. O ‘Não’ dos gregos, em que os alemães (Angela Merkel e Wolfgang Schäuble) são, obviamente, os alvos principais, está retratado na exposição OXI e o Cartoon Grego, comissariada por Osvaldo de Sousa, que podem visitar na Galeria Artur Bual – Casa Aprígio Gomes – e ver os trabalhos de Billy, Dranis, Georgopalis, Ilias Makris, Kostas Grigoriadis, Mários Ioannidis, Michael Kountouris, Panagiotis Milas, Panos Maragos, Panos Zacharis, Petros Zervos, Soloup, Vassileios, Papageorgiou e Yannis Ioannou, que estará connosco este fim-de--semana.”
8. Putain de Guerre! – espectáculo musical e multimédia + exposição
“É um dos nomes mais importantes da BD francófona e vem pela primeira vez à Amadora, no âmbito de Putain de Guerre!, que no festival se materializa numa exposição e num espectáculo musical e multimédia. A exposição pode ser visitada na Bedeteca da Amadora e é baseada em três álbuns dedicados à Primeira Guerra Mundial: “Putain de Guerre!”, “Chansons contre la guerre” e “Foi assim a guerra das trincheiras”, este editado em Portugal pela Levoir/Público e um dos nomeados ao Prémio Clássicos da 9.ª Arte, nos Prémios Nacionais de BD do festival. O concerto Putain de Guerre, da autoria de Tardi e de Dominique Grange, nos Recreios da Amadora [amanhã, 21h30], será um dos momentos altos do Amadora BD. Dominique Grange interpreta canções da sua autoria. Tardi projecta ilustrações suas. É uma evocação da Primeira Guerra Mundial – a vida e obra de Tardi é grandemente influenciada pela guerra e as receitas revertem a favor do Conselho Português para os Refugiados.”