O sequestro da bola


O que sucedeu depois é tão cómico que só não dá vontade de rir porque não se trata de uma britcom, mas das nossas vidas. 


© Andre Kosters/Lusa

Na noite eleitoral do dia 4 de Outubro, e perante os resultados que anunciavam a derrota do PS, António Costa notou algo diferente. Costa viu que, não tendo a coligação PSD/CDS maioria absoluta, podia obstruir a formação do futuro governo. Para melhor compreendermos o raciocínio, temos de o enquadrar com as sondagens que durante um ano deram como certa uma vitória clara do PS e o espezinhamento da coligação de direita. 

Mas não bastava recusar entendimentos com o PSD/CDS. Tal dificultaria um pouco a acção governativa, mas não a impossibilitava. Para impedir o que seria o seguimento normal dos resultados eleitorais, era preciso ameaçar com uma coligação à esquerda. Esta jogada apanhou o PCP de surpresa que, perante a disponibilidade do Bloco, teve de se mostrar interessado em conversar. 

O que sucedeu depois é tão cómico que só não dá vontade de rir porque não se trata de uma britcom, mas das nossas vidas. Ver Costa a fingir que negoceia com a direita enquanto conversa com a esquerda, dizendo que com aqueles que lhe fazem propostas as conversações não avançam e que com quem nada de concreto se sabe estas estão bem encaminhadas, devia ter piada, mas assusta.

Costa lembra aqueles miúdos que, com a bola debaixo do braço, não deixavam jogar enquanto estivessem a perder ou não ditassem as regras. Os outros, contrariados, lá se conformavam ou deixavam-no ir. O que se está a passar é a mesmíssima coisa, com a única diferença de que não se trata de uma brincadeira, mas de nós. 

Advogado
Escreve à quinta-feira 

O sequestro da bola


O que sucedeu depois é tão cómico que só não dá vontade de rir porque não se trata de uma britcom, mas das nossas vidas. 


© Andre Kosters/Lusa

Na noite eleitoral do dia 4 de Outubro, e perante os resultados que anunciavam a derrota do PS, António Costa notou algo diferente. Costa viu que, não tendo a coligação PSD/CDS maioria absoluta, podia obstruir a formação do futuro governo. Para melhor compreendermos o raciocínio, temos de o enquadrar com as sondagens que durante um ano deram como certa uma vitória clara do PS e o espezinhamento da coligação de direita. 

Mas não bastava recusar entendimentos com o PSD/CDS. Tal dificultaria um pouco a acção governativa, mas não a impossibilitava. Para impedir o que seria o seguimento normal dos resultados eleitorais, era preciso ameaçar com uma coligação à esquerda. Esta jogada apanhou o PCP de surpresa que, perante a disponibilidade do Bloco, teve de se mostrar interessado em conversar. 

O que sucedeu depois é tão cómico que só não dá vontade de rir porque não se trata de uma britcom, mas das nossas vidas. Ver Costa a fingir que negoceia com a direita enquanto conversa com a esquerda, dizendo que com aqueles que lhe fazem propostas as conversações não avançam e que com quem nada de concreto se sabe estas estão bem encaminhadas, devia ter piada, mas assusta.

Costa lembra aqueles miúdos que, com a bola debaixo do braço, não deixavam jogar enquanto estivessem a perder ou não ditassem as regras. Os outros, contrariados, lá se conformavam ou deixavam-no ir. O que se está a passar é a mesmíssima coisa, com a única diferença de que não se trata de uma brincadeira, mas de nós. 

Advogado
Escreve à quinta-feira