Atenção malta, o Skënderbeu está em Lisboa. Vai daí, toca a aprender o verbo. Eu skenderbeio. Tu skenderbeias. Ele skenderbeia. Nós skenderbeamos. Vós skenderbeais. Eles skenderbeiam. Já está decorado? Ainda não?
Então vá, eu skenderbeio. Eu quem? Salihi. O melhor marcador da equipa albanesa é um tratado, só visto. Refila por tudo e por nada, atira-se aos colegas e, claro, ao árbitro. Atenção Malta. Sim, o senhor maltês Pisani está mais que atento e mostra-lhe cartão amarelo por protestos gestuais mais verbais, aos 14 minutos. A acção parece-nos descabida. A de Salihi. O número 14, autor de um quase autogolo aos 9’, atira-se ao juiz sem eira nem beira na sequência de um canto do arco da velha.
Aqui o arco da velha tem a ver com aquele 8 de Maio de 1993, quando Cherbakov marca o golo do ano do campeonato nacional, ao Beira-Mar, numa jogada combinada com Balakov. Um pouco mais de 22 anos depois, há uma repetição. Aquilani faz de Balakov, Mané de Cherbakov. Só há um problema: se o italiano cumpre o seu papel com um canto tenso e milimétrico para a entrada da área, o português não apanha bem a bola e o remate sai defensável, ao alcance do capitão Shehi.
Mal o guarda-redes encaixa, Salihi desata aos gritos, à imagem do sucedido aos 4’, por um fora-de-jogo. Como à segunda já se é reincidente, toma lá o amarelo aos 14’. Dez minutos depois, outro canto. Agora para o Skënderbeu. Bola para o meio e Salihi arma-se em Maradona (sem a subtileza do argentino, porque a bola nem entra na baliza). Resultado: vê o segundo amarelo e respectivo vermelho. Se com 11 o_Skënderbeu é sofrível, com dez vai ser bonito vai.
Radar. Tu skenderbeias. Tu quem? Jashanica. O Skënderbeu é sofrível._E então, qual é a surpresa? O pentacampeão da Albânia tem cerca de zero pontos e zero golos em 180 minutos de Liga Europa._Em estatuto, categoria e qualidade, está nos antípodas do_Sporting._E o_Sporting tarda em demonstrá-lo._Surge a figura de Jashanica.
O central comete um penálti desnecessário sobre Montero e abre o caminho para a goleada esperada. Como assim, esperada? Neste dia (22 de Outubro) em 2009, o Benfica de Jesus dá cinco ao_Everton. Seis anos depois, menos de cinco não é nada. Shehi ainda adivinha o lado da bola, o remate de Aquilani é que é mais preciso que nunca. Um-zero.
Zoom. Nós skenderbeamos. Nós quem? Osmani está a ver navios e Vangjeli atira-se a Montero. O pobre do colombiano não tem mesmo jeito para o subbuteo e é derrubado novamente dentro da área. Penálti. Em três minutos, o instável castelo de cartas do Skënderbeu desmorona-se. É a vez de Montero (democracia em Alvalade nos penáltis, é bonito), 2-0 ao intervalo. As_perguntas pairam no ar: como acabará este jogo? E com algum golo de bola corrida?
Vós skenderbeais? Vós quem? Matheus e Tobias. Juntos têm 40 anos. E muita cabeça. O brasileiro de 19 aproveita uma saída desastrada de Shehi para conectar um cruzamento de Jonathan, aos 64’, e o português de 21 é assistido por Montero para o quatro-zero aos 69’. Só mais um? Sim, claro. Esgaio cruza com conta, peso e medida para o pontapé de primeira de Matheus._Cinco. É a conta justa de Jesus, tal e qual 2009. E; já agora, é o segundo bis seguido do extremo a juntar àquele de sábado, ao Vilafranquense, para a Taça de Portugal.
Mais. Na linha lateral, Jesus continua a andar de um lado para o outro, corrige posições e exige (ainda) mais acerto. Pobre Jonathan na primeira parte, pobre Esgaio na segunda. É um pesadelo ser-se lateral e conviver com aqueles esbracejares mais verbais que gestuais. É uma alegria ser Jesus: terceira vitória seguida, esta ainda por cima no centésimo jogo europeu, numa epopeia iniciada em Julho-98, pelo_Estrela, na Intertoto.
Eles skenderbeiam. Eles quem? Os albaneses, ora essa. Ao cair do pano, canto de Berisha, má abordagem de Ewerton e cabeceamento de Jashanica. É o primeiro golo da Albânia em Portugal, o 5-1. Acaba o monólogo e já se fala de domingo.o Há um Partizani-Skënderbeu e um Benfica-Sporting. Atenção malta.