O futuro é ontem. Whaaaat? Isso mesmo, 21 de Outubro de 2015. Ontem, portanto. Diz-nos o “Regresso ao Futuro 2”. Marty McFly atravessa o tempo no DeLorean do Doc e vamos de 1985 para 2015 num abrir e fechar de olhos.
Vamos mesmo? McFly duvida. “Hey, Doc, we better back up. We don’t have enough road to get up to 88 [miles]”. Nada disso, garante Emmett Brown. “Roads? Where we’re going, we don’t need roads.” E não, não é preciso.
O carro levanta voo, passa facilmente os 141 km/h e entra na auto-estrada do futuro a meio de uma tempestade. De repente, o DeLorean quase é abalroado por um outro carro. Então? Deve ter sido o momento do golo de Gaitán. Só pode. O condutor anima-se, tira as mãos do volante e o carro guina para um dos lados. Perfeitamente plausível ou perfeitamente rebuscado? Sim, perfeitamente. O golo é de génio. Gaitán, claro. Ao túnel a Chedjou segue-se a bola picada sobre Muslera. Um-zero aos 70 segundos, terceiro golo do argentino na Liga dos Campeões, um em cada jornada. Mestre.
Radar É o início de sonho para o Benfica de Rui Vitória, atrás da terceira vitória consecutiva na Europa. Do onze, só Sílvio como novidade, no lugar do lesionado Nélson Semedo. De resto, os de sempre entre Júlio César, Jardel, Luisão, Eliseu, Gonçalo Guedes, André Almeida, Samaris, Gaitán, Raúl Jiménez e Jonas.
Com 1-0 aos dois minutos, o Benfica roça a perfeição dos nove pontos na primeira volta da fase de grupos. O pessoal anima-se e aproveita o desnorteamento do Galatasaray, vencedor de tudo e mais alguma coisa na Turquia em 2014-15 (ele é campeonato, ele é Taça, ele é Supertaça). O problema é a Liga dos Campeões, só um ponto em seis possíveis. Para cúmulo, não ganha um jogo na Europa há dez jogos (sete derrotas e três empates). Com a obra de Gaitán, as camisolas amarelo torrado/vermelho tinto desaparecem do relvado.
Zoom É sol de pouca dura. O Gala demora a atinar e depois empurra o Benfica para a sua área.
Aos 15 minutos, Júlio César salva o empate num cabeceamento de Hakan. Aos 18’, mão de André Almeida dentro da área. O árbitro escocês William Collum apita penálti. Great Scott. Chamado a bater, Selçuk corre e olha para Júlio César. Quando a bola sai da marca dos 11 metros, o brasileiro estica-se todo e adivinha o lado. O remate, esse, é por alto. Exemplar.
O Benfica passa num ápice de dominador a dominado. E o Gala atira-se à vitória com querer, sobretudo Podolski. Se aos 29’ falha o alvo depois de um chapéu sobre Eliseu, aos 33’ assina o 2-1 na sequência de um passe a rasgar de Chedjou. Ultrapassado Jardel, o remate do alemão faz a bola passar pelo meio das pernas de Júlio César.
Mais A segunda parte é mais entretida e parece-se com ping-pong.
Jonas atira ao lado (48’), Sneijder acerta no poste (50’), Umut permite defesa de Júlio César por instinto (53’), Muslera imita-o num remate de ressaca de Gaitán (60’), Mitroglou acerta nas malhas laterais (84’) e Chedjou evita o 2-2 de cabeça (90’). Uffff, que canseira. No meio de toda esta agitação, Gaitán recua para lateral-esquerdo. Great Scott. Collum apita para o fim e o Benfica desce para o segundo lugar, atrás do Atlético (4-0 ao_Astana). Calma, a estrada para os oitavos continua acessível. É só ultrapassar os 141 km/h nos dois jogos em casa.