Tornou-se uma das figuras da semana, se excluirmos as políticas. Mesmo não tendo feito nada por isso, o seu nome apareceu em grandes parangonas quase todos os dias. Razões? Ter ganho três campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e cinco Taças da Liga nos seis anos que esteve à frente do Benfica, e por o clube das águias não conseguir esquecer tais façanhas, processando-o por ter assinado pelo rival da segunda circular. Não me recordo de alguma vez um clube ter processado um ex-treinador só porque este decidiu seguir outro caminho, atendendo a que lhe ofereceram melhores condições, onde pôde escolher uma equipa à sua imagem e não tem de ultrapassar obstáculos internos.
A história torna-se ainda mais insólita quando o clube da Luz lhe pede 14 milhões de euros, correspondentes a um euro por cada adepto, alegando que o treinador lhes roubou programas informáticos aplicados aos treinos e outros mimos que tais. Acreditamos que estas contas foram auditadas pelas melhores consultoras… Triste espectáculo o que está a ser dado pelo maior clube português e que se recusa a olhar para a frente. No meio desta guerra parva, o truculento presidente do Sporting navega nas ondas como se fosse o melhor surfista do mundo. Tudo isto seria apenas triste se não estivesse em jogo a vida das pessoas. É preciso não esquecer que no próximo domingo há um Benfica-Sporting e que os ânimos estão tão exaltados que não me admiraria se se verificassem problemas graves entre as claques dos dois clubes. No caso de tal acontecer espero que os responsáveis dos dois clubes sejam chamados à Justiça e que respondam em tribunal.
O futebol não pode ser um campo de batalha e os seus generais não devem mandar gasolina para a fogueira. Bruno de Carvalho, o leão sem medo, faz ataques ferozes ao rival, esquecendo-se de olhar para a sua casa. Isto pode não acabar muito bem.
Voltando a Jorge Jesus, o homem também teve alguma dificuldade em ultrapassar a saída do Benfica. Fez comentários atrás de comentários deselegantes, achou-se dono do legado benfiquista e não teve noção do ridículo.Mas o actual técnico do Sporting nunca foi forte no dom da palavra. É sim um brilhante treinador e um doente pelas vitórias. Esperemos que se esqueça do passado e que olhe para a frente, à semelhança dos responsáveis do Benfica. A bem do futebol e da paz entre adeptos.