Muitos dos problemas que se avolumam nas vidas das sociedades entroncam numa ineficaz comunicação entre todos quantos, por variadíssimos e legítimos interesses, devem comunicar entre si. Esta verdade é um denominador comum a muitas áreas de actividade, incluindo as que se cruzam no imobiliário, e merece, de quando em vez, reflexão.
Este ano, no Salão Imobiliário de Portugal (SIL2015) ensaiámos novas fórmulas de comunicação entre profissionais do sector e dos profissionais para com o público, logrando – julgo eu, sem falsas modéstias – a eficácia que se exige quando sabemos que fazemos parte da solução e queremos que o público e os poderes públicos o reconheçam. Reunindo, como sempre fazemos, profissionais e especialistas que representam os três principais pólos de desenvolvimento da economia e das sociedades – Estado, universidades e mundo empresarial –, conseguimos reflexões profundas que, volto a dizer sem qualquer problema, não ficam atrás de outras reflexões tidas como mais eloquentes.
No que me diz respeito, como dirigente do movimento associativo empresarial, sei, por exemplo, que a tão cantada e necessária estratégia de captar investimento estrangeiro para o nosso país precisa do empenho do Estado mas também do mundo empresarial que, aliás, muito tem feito neste domínio, nomeadamente no sector imobiliário. Também sei – e isso também foi por diversas vezes sublinhado nas reflexões que o SIL2015 proporcionou – que não haverá mercado de arrendamento urbano sustentável, nem reabilitação urbana digna desse nome, se não se criarem condições para que o investimento privado aposte nestas áreas de potencial crescimento.
É, aliás, com prazer que lembro que um dos painéis do seminário da APEMIP reuniu praticamente o pleno da Comissão de Acompanhamento do Mercado de Arrendamento Urbano (CAMAU), um fórum da sociedade civil que reúne representantes do associativismo empresarial e do associativismo cívico, e foi um dos momentos mais significativos do próprio salão. E não apenas pelo debate que proporcionou entre diversas sensibilidades que coexistem no mercado do arrendamento urbano. Tão importante como esta troca de ideias é o reconhecimento de que é possível fazer pontes e encontrar pontos de aproximação entre forças que representam interesses muito diversos.
A delicadeza da situação que se vive em Portugal, como em muitos outros países da União Europeia, exige que o contributo de todos possa ser levado em conta na hora das opções certas para as soluções necessárias. Não é fácil encontrar essas soluções mas, se alargarmos o número de pessoas que tentam encontrá-las, o desafio tornar-se-á mais exequível. E no que a este sector diz respeito, o que acontece é que continuamos na linha da frente da nossa recuperação, enfrentando, sem desistências, as dificuldades que “rebentaram” em força no ano de 2008, muitas vezes tentando apenas que a chama nunca se apagasse, num esforço que nem sempre terá chegado ao conhecimento dos outros por falta de comunicação. É isto que estamos todos a aprender. No imobiliário e não só.
Presidente da APEMIP