Coligação. Portas retoma o discurso da campanha e já  só espera por Belém

Coligação. Portas retoma o discurso da campanha e já só espera por Belém


PSD e CDS querem levar apoio dos parceiros sociais a Cavaco. Carta do PS pode não reabrir diálogo com PS.


PSD e CDS vão analisar as propostas que o PS enviou ontem ao final da noite para a São Caetano à Lapa. No documento constam as “17 ou 18” apreciações às medidas inscritas no “Documento Facilitador de um Compromisso” preparado pela coligação Portugal àFrente e transmitidas por António Costa a Passos Coelho e a Paulo Portas na terça-feira, no Largo do Rato.

Os líderes da PàF garantiram que só voltavam a reunir com os socialistas se aparecessem propostas concretas e não apenas críticas ao documento da coligação, que reunia medidas tiradas do programa do PS.

A carta agora enviada pelos socialistas pode no entanto não ser suficiente para abrir um diálogo que quase foi dado como encerrado. Passos criticou o facto de Costa estar envolvido numa negociação à direita, ao mesmo tempo que negoceia um acordo com partidos que avessos ao Tratado Orçamental e à NATO. “Já tive duas e não tenciono ter mais reuniões a fazer de conta”, decretou o líder do PSD, menos de 24 horas depois do segundo encontro entre a coligação e o PS. 

Passos chegou ontem de Bruxelas, onde trocou “impressões com outros líderes europeus sobre a actual situação política em Portugal”, e Portas ficou em Lisboa a segurar a frente interna. A PàF multiplica-se em iniciativas para somar os apoios dos parceiros sociais à vitória eleitoral: primeiro com a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e depois com a Confederação de Agricultores dePortugal (CAP). O líder do CDS adiantou que o périplo é para continuar na próxima semana. 

Na bagagem, um só discurso: Cavaco Silva deve indigitar Passos. “A coligação espera que com serenidade que o Presidente da República, no exercício das suas competências, indigite Passos Coelho para formar governo”, afirmou aos jornalistas.

Portas retoma o discurso da campanha – na qual acenou com o fantasma de uma maioria negativa formada pelo PS, PCP e BE – e disparou:“Alguém acha que é de bom senso pôr a governabilidade do país nas mãos do PCP ou do BE no preciso momento em que mais precisamos de confiança para ter mais crescimento económico?”. António Saraiva, líder da CIP, ao pedir um entendimento ao centro e um “governo estável” repete a fórmula que Portas usou nos discursos em campanha: “Estabilidade gera confiança, confiança gera investimento, investimento gera crescimento”.

Os líderes da PàF vão a Belém reunir com Cavaco Silva na próxima semana, que recebe os partidos terça e quarta-feira. Não é certo que a coligação chega a Belém com um acordo firmado com o PS. Mas Passos e Portas não vão abdicar da vitória eleitoral e pedirão para formar governo.