Fecho de centro de emprego obriga 5 mil desempregados a gastar 10 euros para ir ao de Loures

Fecho de centro de emprego obriga 5 mil desempregados a gastar 10 euros para ir ao de Loures


Cinco mil desempregados das localidades de Sacavém e Camarate vão passar a gastar, a partir de segunda-feira, cerca de 10 euros para se deslocar ao centro de emprego de Loures.


Depois do encerramento das instalações onde estavam inscritos.

O centro de emprego de Sacavém, que serve 130 mil pessoas da zona oriental do concelho de Loures, irá encerrar portas hoje à noite, transferindo os utentes para as instalações localizadas na cidade de Loures.

No final de manhã de hoje, dezenas de utentes que se encontravam nas instalações, manifestaram-se surpresos e indignados, alegando que a decisão irá implicar "custos elevados", uma vez que uma viagem de ida e volta poderá chegar aos 10 euros.

"É uma situação inadmissível. Num momento em que o desemprego continua a aumentar. Tratarem assim os desempregados. Se neste momento não existem condições neste edifício, imagine ir agora toda a gente para Loures", perspectivou à agência Lusa Luís Migueís, do movimento de trabalhadores desempregados de Loures.

Uma das utentes do centro de emprego de Sacavém, Eliana Andrade, disse à Lusa estar "muito preocupada" com a ideia de passar a ir a Loures, referindo não ter dinheiro para suportar as despesas de deslocação.

"É lamentável. Para já, não temos dinheiro para pagar e, depois, é incompreensível a decisão uma vez que vamos entupir um serviço [em Loures] de forma desnecessária", atestou.

Presente hoje de manhã nas instalações esteve também o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares (CDU), que aproveitou para tranquilizar alguns utentes e manifestar a sua oposição a esta decisão de encerramento.

"Manifesto o meu total repúdio por esta decisão criminosa. A população que recorre a este serviço é geralmente a mais carenciada. O que o Governo está a fazer é votar ao abandono estas pessoas", afirmou à Lusa o autarca comunista.

Bernardino Soares ressalvou que o executivo "fez tudo o que era possível para demover" a tutela, mas que esta nunca mostrou abertura para arranjar uma alternativa: "Nunca houve uma intenção de relocalizar estes serviços, por exemplo. O argumento é que cada município só poderá ter um centro de emprego", lamentou.

O encerramento do centro de emprego de Sacavém é também encarado com preocupação por Elsa Villa, comerciante que possui um café dentro das instalações e que agora vê em risco o seu trabalho: "Vai-me afectar a mim e à minha família. Tenho uma filha desempregada e uma neta a estudar. Não sei o que nos vai acontecer", atestou.

Segundo dados de Agosto, no concelho de Loures estão inscritas 9.500 pessoas no centro de emprego, cinco mil destes na unidade de Sacavém.

Além de Sacavém, este centro de emprego servia também as localidades de Camarate, Prior Velho, Moscavide, Portela, Bobadela, São João da Talha e Santa Iria da Azoia.

Lusa