PCP avisa que “não é fácil” acordo com o PS

PCP avisa que “não é fácil” acordo com o PS


Na edição do “Avante!” desta semana é feito o aviso que as declarações de Jerónimo de Sousa devem ser entendidas “na totalidade” e que “não é fácil” um acordo com os socialistas, “considerando que o programa do PS não responde à aspiração da ruptura com a política de direita”.


No editorial da edição do “Avante!”, publicado esta quinta-feira, o PCP deixa claro que "não é fácil" convergir com o PS e que o suporte comunista a um governo de esquerda fica, para já, na sua viabilização.

Não se fala em condições (que Jerónimo de Sousa tinha detalhado depois do primeiro encontro com António Costa na semana passada), nem de acordos mais duradouros. O editorial da órgão oficial do partido insiste que o ónus da esquerda está no PS e que “o PS só não formará governo se não quiser, tendo que escolher entre dar aval e apoio à formação de um governo PSD/CDS ou tomar a iniciativa de o formar já que tem garantidas condições para a sua formação e entrada em funções.” Não existe qualquer sinal de aceitação de mais algum elemento essencial à governação, como é o caso dos Orçamentos do Estado. E recorde-se que o líder socialista já disse que está à procura de uma solução “estável”, isto é, que permita que um governo liderado por si cumpra uma legislatura.

No mesmo texto, é feita uma referência às declarações de Jerónimo de Sousa depois da reunião com Costa que criaram expectativa sobre a abertura comunista a suportar um governo socialista. A declaração, dita o editorial, “deve ser lida e entendia da sua totalidade”. Ou seja, que o PCP vai avançar com uma moção de rejeição a um eventual governo da coligação PSD/CDS, mas também que o PS não tem sido a solução alternativa que apoiam: “Afirmou o objectivo de nos batermos por uma política que responda às aspirações dos trabalhadores e do povo, o que não é fácil, considerando que o programa do PS não responde à aspiração da ruptura com a política de direita.”

E este “não é fácil” é repetido logo no parágrafo seguinte, quando se escreve que “não sendo possível a convergência para uma política que responda às aspirações dos trabalhadores e do povo, o que de facto não é fácil, o quadro constitucional e a correlação de forças na Assembleia da República em nada impedem o PS de formar governo. Mesmo nestas circunstâncias não se pode concluir que a solução seja um governo PSD/CDS”.

Da sua parte, os comunistas só garantem que “sejam, porém, quais forem as circunstâncias e a evolução da situação, os portugueses podem ter como garantido que os votos do PCP contribuirão sempre para todas as medidas que forem úteis para os trabalhadores, o povo e o país e opor-se-ão a tudo o que signifique mais exploração, empobrecimento, injustiças sociais e declínio nacional”.