História bem contada, anda à volta de dois irmãos: de tanto se gostarem, acabam desavindos, apenas para voltarem a procurar-se um ao outro. Dito assim, parece coisa meio lamechas, e até é, mas dentro do género “lamechas porque, na verdade, a vida tem vezes que é mais ou menos isto”. Wagner Moura é um nadador--salvador na Praia do Futuro, em Fortaleza (sítio que dá título ao filme que abriu a edição de Lisboa deste ano do Queer Festival). Não consegue resgatar um homem perdido no mar, salvou-se o amigo que com ele nadava.Amigo esse que com quem Wagner, no papel de Donato, se envolve.
Bom, envolver aqui é um verbo demasiado novelesco. Isto não é um caso, é uma relação entre dois apaixonados, de tal maneira que Donato deixa o Brasil para ir com Konrad para a sua Alemanha. Berlim é um novo palco, para dúvidas existenciais e laços de sangue que perseguem Donato.Anos depois aparece Ayrton, o tal irmão mais novo (interpretado por Jesuíta Barbosa) que tem a mesma insatisfação de Donato mas com mais revolta, a fazer mais barulho. E é nesta ponte que “Praia do Futuro” se move, nem sempre mantendo a melhor das rotações, por vezes a deixar que a atenção e o olhar atento nos fujam seja para o que for. O drama é constante se por lá andarmos com ele par a par, a fazer comparações e a imaginarmos a nossa história dentro daquela. Com “Praia do Futuro”, não conseguimos sempre isso. Raios.
“Praia do Futuro”
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De Karim Ainouz
Com Wagner Moura, Clemens Schick, Jesuíta Barbosa