“Parabéns Cubs. Até os adeptos dos White Sox estão a torcer por vocês.” A mensagem de Barack Obama, partilhada na conta de twitter da presidência, reflecte o sentimento de muitos norte-americanos, sobretudo num país em que as histórias com final feliz têm tendência a dar em filme. Ali, naquele momento, a rivalidade entre as equipas de Chicago foi relegada para segundo plano e entrou em campo a empatia por longos períodos de jejum. Os White Sox tiveram a sua travessia no deserto entre 1917 e 2005.
Os Chicago Cubs ainda estão longe do título mas há muitos anos que não tinham uma época tão optimista. O triunfo sobre os St. Louis Cardinals (3-1 em jogos) garantiu a primeira presença na final da Liga Nacional desde 2003, época em que um adepto fanático se tornou no inimigo número um da equipa. Há 12 anos e um dia, Steve Bartman interferiu num lance para tentar agarrar a bola e deu início ao descalabro dos Cubs na série contra os Marlins.
A era das maldições e dos bodes expiatórios literais (BillySianis soltou uma profecia em 1945 de que “esses Cubs não vão voltar a ganhar, nunca mais” depois de ter sido convidado a sair do estádio com o seu bode de estimação devido ao cheiro) parece ultrapassada e as pazes estão feitas. Foi com esse intuito que um adepto criou uma conta para angariar dinheiro para permitir a Steve Bartman (escondido desde 2003 depois de ser vítima de sucessivas ameaças) que se deslocasse a Pittsburgh para ver o jogo de acesso aos play-offs contra os Pirates. “É bom que as pessoas se tenham lembrado do Steve mas ele não vai aproveitar a oferta”, explicou o porta-voz Frank Murtha na sequência dos 3600 dólares angariados para o efeito.
Os Cubs deixaram de ser uma equipa amaldiçoada e o trabalho de Theo Epstein, director-geral que terminou com o jejum de 86 anos dos Boston Red Sox em 2004, está a surtir efeito. O objectivo passa por ser campeão mas não para quebrar o período sem títulos desde 1908. “Os jogadores estão a fazer isto por eles. A pressão e a história não importa para eles”, esclarece Epstein. O rookie Kris Bryant corrobora: “Acho que somos demasiado novos para perceber o que acabámos de conseguir. É uma altura muito especial.”
O treinador Joe Maddon foi uma das grandes novidades da época e garante que a mentalidade entre os adeptos está a mudar. “Esta vitória dá esperança para o futuro. Não se pode pensar que estará sempre algo de mau para acontecer. Por vezes há coisas boas”, lembrou.
A expectativa está a ser contagiosa e as casas de apostas dão os Cubs como principais favoritos à conquista do título, com 2,5 dólares pagos por cada apostado. E o preço médio no mercado secundário para os bilhetes dos Cubs já é o mais elevado entre as equipas resistentes (1325 dólares).
Os Chicago Cubs estão a oito vitórias de fazer história. Na final da Liga Nacional, vão defrontar o vencedor da partida desta noite entre os LA Dodgers e os New York Mets.