Mais de 3.000 pessoas, entre as quais 400 presidentes de câmara da Catalunha, concentraram-se esta quinta-feira em frente ao tribunal de Barcelona em que hoje vai ser ouvido o presidente catalão, Artur Mas, devido ao "referendo" de 9 de Novembro.
Artur Mas entrou hoje no Palácio de Justiça de Barcelona, sede do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha, pouco antes das 10:00 (09:00 em Lisboa), para responder sobre a convocação do "referendo de 9 de Novembro", organizado e realizado na Catalunha apesar de ter sido proibido pelo Tribunal Constitucional espanhol.
Mas chegou ao Tribunal acompanhado de cerca de 400 dos 967 presidentes de câmara da Catalunha, bem como dirigentes independentistas, membros do actual governo regional e cerca de 2.500 cidadãos. À entrada do presidente no edifício ouviram-se gritos de "Independência".
O presidente do Governo regional catalão é ouvido hoje no Tribunal Superior de Justiça da Catalunha por alegado delito de "desobediência" devido à realização de um "referendo" sobre a independência da região a 9 de Novembro último.
A consulta popular realizou-se na Catalunha a 9 de Novembro, cinco dias depois de o Tribunal Constitucional espanhol o ter proibido.
O Tribunal Superior de Justiça da Catalunha convocou o presidente da Generalitat para prestar esclarecimentos sobre o envolvimento do governo regional na realização da consulta, na qual 80% dos cerca de 2,5 milhões de catalães que participaram disseram "Sim" a uma Catalunha independente.
Artur Mas, que considera que a justiça catalã e espanhola o está a perseguir politicamente na sequência das últimas eleições regionais, e alega que o Governo regional cessou o seu envolvimento na consulta logo após a decisão do Tribunal Constitucional, a 4 de Novembro, tendo o "referendo" sido organizado por "voluntários".
Os juízes catalães que lideram o processo consideram os protestos em frente ao Palácio da Justiça em Barcelona como "uma forma de pressão" sobre a independência dos magistrados, destinada a "influenciar a sua decisão".
A data da presença de Artur Mas em tribunal coincide precisamente com os 75 anos do fuzilamento do antigo presidente da Generalitat Lluis Companys pelo regime do General Franco.
Uma coincidência de datas que tem sido aproveitada politicamente pelos apoiantes de Artur Mas, que ainda espera conseguir um acordo que lhe permita ser reeleito presidente, na sequência da vitória – sem maioria absoluta – da coligação que integrava nas eleições regionais de 27 de Setembro.
Ainda antes de ir para o tribunal, Artur Mas e vários dirigentes independentistas – bem como a presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau – participaram na homenagem anual a Lluis Companys.
No final de todo o processo, Artur Mas poderá vir a ser condenado pelos crimes de "desobediência grave", "prevaricação", "uso indevido de fundos públicos" e "usurpação de funções" devido ao "referendo" de 9 de Novembro.
Lusa