Dates católicos. Neste site de encontros só entram solteiros de fé

Dates católicos. Neste site de encontros só entram solteiros de fé


Às 12h do dia 22 de Outubro, os solteiros católicos e encalhados de Portugal têm uma nova esperança.


Às 12h do dia 22 de Outubro, os solteiros católicos e encalhados de Portugal têm uma nova esperança: o site de encontros datescatolicos.org. O objectivo é juntar pessoas que procurem uma relação séria e nos perfis há espaço para indicar as orações, os santos e os Papas favoritos.

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José tinha 43 anos, estava cansado de viver sozinho e mandou pôr um anúncio no jornal. “Funcionário público da classe média, solteiro, católico, 43 anos, passado imaculado, procura uma boa católica, pura e que saiba cozinhar bem, cuidar dos afazeres domésticos, que tenha talento para a costura e as coisas do lar, com perspectiva de casamento. Posição financeira é desejada, mas não pré-condição.” Respondeu Maria, filha bastarda de um cozinheiro, já com 36 anos. Meses depois fez-se o casamento e, sete anos mais tarde, em 1927, nascia Joseph Ratzinger.

A história de amor dos pais do Papa emérito Bento XVI serviu de inspiração a Marta e António de Brito, um casal que se prepara para lançar um site de encontros exclusivamente para jovens católicos. O datescatolicos.org arranca ao meio-dia em ponto do dia 22 de Outubro e já tem mais de 300 pré-inscrições. O objectivo, explica o casal, é “promover o encontro” entre solteiros (ou viúvos e divorciados pelo civil) que partilhem o desejo de um compromisso estável – os flirts não são bem-vindos – e os mesmos valores e a fé. É que os tempos são outros e se o pai de Bento XVI teve sucesso com um anúncio de jornal, no século XXI tudo acontece através da internet. “Passamos 30% do nosso tempo online”, explica António. Por outro lado, acredita o casal, é cada vez mais difícil encontrar a pessoa certa. E a história de Marta e António comprova-o. Ela tinha 31 anos, estava a fazer o doutoramento na Suíça, cansada de bater com a cabeça nas paredes por causa de relações falhadas e farta de estar sozinha. Por isso, pediu a uma amiga que lhe arranjasse um marido. Pouco tempo depois era apresentada a António, na altura com 29 anos. Namoraram uns meses e casaram em Julho de 2011. 

São professores universitários – ela é psicóloga e ele gestor e músico – e decidiram trazer para Portugal o site para católicos lançado há dez anos na Alemanha e que já existe em outros oito países da Europa – Suíça, Áustria, Croácia, Hungria, Letónia, Lituânia, República Checa, Eslováquia e Eslovénia. O funcionamento não é muito diferente do de outros sites de encontros que já existem, ainda que com algumas nuances. Aquando da inscrição, por exemplo, o utilizador tem de assinar uma espécie de declaração de fé: “Sim, eu sou católico, solteiro e tenho o desejo de me casar na Igreja”. E caso o utilizador pretenda, poderá preencher um questionário sobre a fé católica. Cumpridos estes primeiros passos, é gerado um perfil com uma fotografia e a descrição de características físicas e do tipo de parceiro que se procura. Há ainda um espaço para colocar interesses, hobbies, filmes, discos e livros favoritos. O utilizador é também convidado a enumerar os santos e Papas de que mais gosta, bem como as orações predilectas. 

Submetido o perfil – o site é moderado –, o sistema procura automaticamente por perfis que tenham interesses e gostos semelhantes, sugerindo “matches”. Ao contrário de outros sites de encontros, a inscrição não é gratuita e existem duas modalidades de pagamento: uma conta trimestral custa 24 euros e uma conta anual 60 euros. O valor cobrado, justificada António de Brito, é uma espécie de “triagem”, para garantir o interesse genuíno dos utilizadores inscritos e servirá, por outro lado, para garantir a manutenção da plataforma online.

E o projecto não se esgota no site. A ideia de Marta e António passa por criar uma comunidade na “vida real” em que se “enfatize a beleza do casamento católico”. Assim que o site estiver a funcionar, deverão arrancar várias actividades em paralelo: eventos, palestras, workshops e a publicação de conteúdos online, com conselhos sobre o amor e as relações. Os promotores acreditam que o facto de se tratar de uma plataforma só para católicos pode ajudar a ditar o sucesso de uma eventual relação – numa altura em que mais de 70% dos casamentos em Portugal acabam em divórcio. “Havendo uma coincidência de base em determinados valores, torna-se mais fácil resolver os problemas do dia-a-dia porque existem os mesmos objectivos gerais de vida. A relação torna-se mais estável”, defende António de Brito, dando o exemplo da relação com Marta: “No nosso casamento, e além de química, existe essa partilha de valores e um compromisso em relação a assuntos fundamentais, como o perdão, a fidelidade, a fecundidade e a educação dos filhos. Havendo um acordo sobre estes assuntos, tudo se torna mais fácil”.