A verdadeira política


Não são os negócios de Estado que os preocupam, mas tão-só os seus negócios particulares feitos à custa do próprio Estado.


© Manuel de Almeida/Lusa

Entendamo-nos, senhores: há quem esteja contra a possibilidade de um governo de esquerda em nome de princípios, de convicções e de memórias vividas, e há quem evoque tudo isto mas, na realidade, esteja apenas preocupado com o que vai pessoalmente perder.

Estamos perante um daqueles momentos em que uns defendem valores e outros apenas se encontram preocupados com os seus interesses. Ultrapassado o tempo em que se lutava pela liberdade contra a possível implantação de um regime totalitário e esgotada a época em que uns lutavam pela afirmação da democracia representativa e outros se batiam pela democracia a que chamavam popular, o regime ficou prisioneiro de um imenso grupo que, em nome do consenso conveniente, repartiu o que havia para repartir e beneficiou como poucos tinham beneficiado.

Ei-los agora, do PS ao CDS, erguendo medos que nunca tiveram, princípios que nunca possuíram, crenças que nunca demonstraram, a aproveitar-se das legítimas recusas de quem não é nem foi de esquerda, apenas porque sabem poder estar em perigo a sua própria sobrevivência e sustentabilidade.

Não são os negócios de Estado que os preocupam, mas tão-só os seus negócios particulares feitos à custa do próprio Estado; não é a verdade do voto que os mobiliza, mas a intranquilidade que resulta de um presente promissor que lhes foge e de um futuro mais imediato que temem não controlar.

Misturam-se habilmente com o povo da direita e dizem inclusive falar em seu nome quando, na realidade, o que os inquieta é perderem influência, lugares, vantagens e privilégios. 

Não sei se o próximo governo será ou não de toda a esquerda, mas sei que, se ele vier, poderão estar criadas as condições para que o joio se separe do trigo e o debate de valores possa regressar. Em nome da verdadeira política!

Professor da Faculdade de Direito da Univ. Lusíada
Escreve quinzenalmente à quarta-feira

A verdadeira política


Não são os negócios de Estado que os preocupam, mas tão-só os seus negócios particulares feitos à custa do próprio Estado.


© Manuel de Almeida/Lusa

Entendamo-nos, senhores: há quem esteja contra a possibilidade de um governo de esquerda em nome de princípios, de convicções e de memórias vividas, e há quem evoque tudo isto mas, na realidade, esteja apenas preocupado com o que vai pessoalmente perder.

Estamos perante um daqueles momentos em que uns defendem valores e outros apenas se encontram preocupados com os seus interesses. Ultrapassado o tempo em que se lutava pela liberdade contra a possível implantação de um regime totalitário e esgotada a época em que uns lutavam pela afirmação da democracia representativa e outros se batiam pela democracia a que chamavam popular, o regime ficou prisioneiro de um imenso grupo que, em nome do consenso conveniente, repartiu o que havia para repartir e beneficiou como poucos tinham beneficiado.

Ei-los agora, do PS ao CDS, erguendo medos que nunca tiveram, princípios que nunca possuíram, crenças que nunca demonstraram, a aproveitar-se das legítimas recusas de quem não é nem foi de esquerda, apenas porque sabem poder estar em perigo a sua própria sobrevivência e sustentabilidade.

Não são os negócios de Estado que os preocupam, mas tão-só os seus negócios particulares feitos à custa do próprio Estado; não é a verdade do voto que os mobiliza, mas a intranquilidade que resulta de um presente promissor que lhes foge e de um futuro mais imediato que temem não controlar.

Misturam-se habilmente com o povo da direita e dizem inclusive falar em seu nome quando, na realidade, o que os inquieta é perderem influência, lugares, vantagens e privilégios. 

Não sei se o próximo governo será ou não de toda a esquerda, mas sei que, se ele vier, poderão estar criadas as condições para que o joio se separe do trigo e o debate de valores possa regressar. Em nome da verdadeira política!

Professor da Faculdade de Direito da Univ. Lusíada
Escreve quinzenalmente à quarta-feira