Nunca teve o sonho de ser empreendedor, mas a herança que recebeu do padrinho quando tinha 20 anos fez com que mudasse de ideias e até mesmo de modo de vida. Oito anos depois, Diogo Sousa Coutinho está à frente de uma série de projectos de sucesso. O Noori – cadeia de fast sushi – é um dos investimentos com maior notoriedade. Mas as apostas não ficam por aqui. É um dos responsáveis pela gestão do Mercado de Campo de Ourique e, em breve, espera lançar novas ideias no mercado português.
Ao B.I. confessa que as horas do dia já não são suficientes para desenvolver tudo o que tem em mente. “Antes ouvia uma amiga minha dizer que o dia tinha de ter mais horas e não percebia bem porquê, porque o meu dia começava às seis/sete horas da manhã e conseguia ter tempo para tudo. Hoje, já começo a pensar nisso. Continuo a acordar cedo e muitas vezes, às dez horas da noite, ainda tenho muitas coisas para fazer. E os novos projectos exigem mais trabalho no arranque”, revela.
Criar o seu próprio negócio foi uma ideia que surgiu inesperadamente. Diogo tinha ido ao Brasil e viu um conceito de fast sushi que achou que poderia resultar no mercado português. Como na altura tinha recebido uma herança na ordem dos 50 mil euros, considerou que seria uma boa forma de rentabilizar esse dinheiro. “Era um miúdo quando recebi essa herança e, a partir desse momento, senti uma enorme responsabilidade de pôr esse dinheiro a render ou a criar uma mais-valia”, admite o jovem empresário.
Um hotel em Monsanto
Como não quis ficar apenas por estes projectos, rapidamente arregaçou as mangas e apostou em novas ideias, que nunca mais pararam de surgir. Até ao final do ano espera arrancar com as obras de um projecto turístico urbano-rural em Monsanto, com capacidade para 120 camas. Diogo Sousa Coutinho vai modernizar os Viveiros de Lisboa e, em contrapartida, a Câmara Municipal de Lisboa permite a exploração desse espaço. A ideia é dar uma nova vida a Monsanto e rentabilizar algumas zonas que hoje em dia estão quase abandonadas. “Vamos lançar um projecto completamente inovador e, pela primeira vez, vai ser possível dormir em Lisboa mas dentro de um bosque”, revela. Para o empresário, as perspectivas não poderiam ser melhores:“Lisboa precisa de algo diferenciador. A cidade já tem muitos hotéis, mas queremos oferecer um turismo diferente. Vamos tentar desenvolver Monsanto como um todo, com passeios a pé e de bicicleta, peddy-papers…”
O projecto deverá abrir portas em 2017 e Diogo terá um total de 30 anos para explorar esse espaço. A partir daí passará novamente para as mãos da autarquia. “A concessão não pode ser renovada e será entregue ao Estado tal como está”, diz.
Líderes ibéricos do fast sushi
Para breve está também previsto o lançamento de uma nova linha de ténis, uma agência de publicidade, um espaço para eventos e até a criação de um fundo de investimento. Com tantos projectos, o curso universitário em Finanças continua inacabado, mas Diogo não se arrepende da opção de vida que tomou. Hoje em dia conta com uma equipa de cerca de 250 pessoas (directa e indirectamente) no Mercado de Campo de Ourique e de 120 pessoas só para a cadeia de restauração Noori – um número que pode crescer, uma vez que começaram a ser dados os primeiros passos de internacionalização.
Em Setembro foi aberto o primeiro espaço em Madrid e a este vão seguir-se muitos outros no mercado madrileno. Para o empresário, o objectivo é simples: “Até 2017 queremos ser líderes do fast sushi na península Ibérica.” E porquê Madrid? “Porque é a capital, é uma cidade com grande tráfego a nível de turismo e interessa-nos para testar o nosso conceito antes de atacarmos as restantes cidades espanholas.”
Com o tempo contado
Apesar dos seus 28 anos, Diogo Sousa Coutinho garante que tem cabeça para todos estes projectos, mas admite que ter uma grande equipa em quem deposita toda a sua confiança dá uma grande ajuda. “Se não fosse isso, era impossível ter estes negócios tão variados. Tenho pessoas que são muito exigentes com elas próprias e com os projectos, e isso é que me permite ter 28 anos e esta panóplia de actividades tão diversificadas”, confessa.
Mas para que todas estas ideias tenham sucesso, o jovem empresário admite que, por vezes, é preciso deixar algumas coisas para trás. Consegue tirar férias como o comum dos mortais, mas nunca sabe quanto tempo pode estar fora. “No ano passado fui para um barco para o meio do nada, e aí sim, consegui desligar-me. Este ano não foi possível porque tenho em mãos o projecto de Monsanto. Foi um sacrifício que fiz, mas espero que seja diferente para o ano”, revela. Para compensar, vê os fins-de-semana como “algo sagrado”. “Consigo tirar a maior parte dos fins-de-semana, tento que seja sagrado. Nesses dois dias tento refugiar-me, tenho dois ou três espaços em que consigo desligar-me do mundo.”
Apesar do tempo curto e contado ao segundo, ainda tem espaço para se divertir. “Tenho menos tempo do que uma pessoa normal, mas por vezes chega uma altura em que não tenho cabeça para fazer certas coisas e prefiro refugiar-me para recarregar baterias e voltar em força”, confessa.
Para aqueles que querem entrar no mundo de negócios, Diogo aconselha a serem persistentes. “A primeira resposta que geralmente recebemos quando estamos a pensar em avançar com um projecto é um não. Não ter o apoio de ninguém não é fácil, por isso, é preciso ser muito persistente, acreditar verdadeiramente no negócio, pois só assim é possível realizar os sonhos”, conclui.