Parem as máquinas e as narrativas do costume. O PS pode ser governo com o apoio da esquerda


Se, pela primeira vez em Portugal, a esquerda conseguir entender-se com o pragmatismo que nunca lhe assistiu António Costa parte de uma derrota eleitoral humilhante para uma vitória política histórica.


António Costa perdeu as eleições, mas ganhou já qualquer coisa: um lugar na história, partilhado com as direcções do PCP e do Bloco de Esquerda. Pela primeira vez em 40 anos parece estar em marcha um acordo de maioria de esquerda, impensável há um mês.

Contra todas as previsões mais optimistas, Bloco e PCP, os tais partidos que eram apenas de “protesto”, parecem agora disponíveis para deixarem cair muitas das suas bandeiras – reestruturação da dívida, saída da NATO, etc. – para viabilizarem um governo PS e impedirem a coligação de direita, que não tem maioria absoluta no parlamento, de formar governo.

Claro que isto provoca um enorme espanto, senão mesmo um estado de estupor generalizado. É normal que a direita reaja assim, por mecanismo de auto-defesa. É normal que os sectores do PS que estão mais próximos da direita também reajam assim, pela mesma razão. É normal que quem se habituou sempre a ver o PCP e Bloco de Esquerda a mostrar total incapacidade para viabilizar um governo do partido que sempre consideraram de direita, o PS, também se encontre em negação. Também é perfeitamente normal que os socialistas que têm na memória as lutas anti-comunistas dos anos 70 não consigam integrar uma nova realidade.

Mas ela está aí. Se, pela primeira vez em Portugal, a esquerda conseguir entender-se com o pragmatismo que nunca lhe assistiu – ao contrário da direita, que desde os primórdios da democracia tem pragmatismo para dar e vender – António Costa parte de uma derrota eleitoral humilhante para uma vitória política histórica. A narrativa de 40 anos de democracia (“o PS só se pode entender com o PSD, por causa dos constrangimentos europeus e outros”) cairá por terra. E para quem tem dúvidas é bom lembrar que a legitimidade política pertence à maioria dos deputados do parlamento: a quem consegue fazer passar um orçamento e resistir a uma moção de censura. É isso que está na Constituição e o hábito não é um preceito constitucional.

Parem as máquinas e as narrativas do costume. O PS pode ser governo com o apoio da esquerda


Se, pela primeira vez em Portugal, a esquerda conseguir entender-se com o pragmatismo que nunca lhe assistiu António Costa parte de uma derrota eleitoral humilhante para uma vitória política histórica.


António Costa perdeu as eleições, mas ganhou já qualquer coisa: um lugar na história, partilhado com as direcções do PCP e do Bloco de Esquerda. Pela primeira vez em 40 anos parece estar em marcha um acordo de maioria de esquerda, impensável há um mês.

Contra todas as previsões mais optimistas, Bloco e PCP, os tais partidos que eram apenas de “protesto”, parecem agora disponíveis para deixarem cair muitas das suas bandeiras – reestruturação da dívida, saída da NATO, etc. – para viabilizarem um governo PS e impedirem a coligação de direita, que não tem maioria absoluta no parlamento, de formar governo.

Claro que isto provoca um enorme espanto, senão mesmo um estado de estupor generalizado. É normal que a direita reaja assim, por mecanismo de auto-defesa. É normal que os sectores do PS que estão mais próximos da direita também reajam assim, pela mesma razão. É normal que quem se habituou sempre a ver o PCP e Bloco de Esquerda a mostrar total incapacidade para viabilizar um governo do partido que sempre consideraram de direita, o PS, também se encontre em negação. Também é perfeitamente normal que os socialistas que têm na memória as lutas anti-comunistas dos anos 70 não consigam integrar uma nova realidade.

Mas ela está aí. Se, pela primeira vez em Portugal, a esquerda conseguir entender-se com o pragmatismo que nunca lhe assistiu – ao contrário da direita, que desde os primórdios da democracia tem pragmatismo para dar e vender – António Costa parte de uma derrota eleitoral humilhante para uma vitória política histórica. A narrativa de 40 anos de democracia (“o PS só se pode entender com o PSD, por causa dos constrangimentos europeus e outros”) cairá por terra. E para quem tem dúvidas é bom lembrar que a legitimidade política pertence à maioria dos deputados do parlamento: a quem consegue fazer passar um orçamento e resistir a uma moção de censura. É isso que está na Constituição e o hábito não é um preceito constitucional.