“Maioria de esquerda”


Esta verdadeira tentativa de fazer da política um cozido à portuguesa pode resultar numa violenta indigestão.


© Tiago Petinga/Lusa

“Penso que a democracia significa hoje, em larga medida, manipular o consenso.”
Erich Fromm

Os resultados das eleições legislativas do passado dia 4 foram, na generalidade, interpretados no sentido da conquista do parlamento pela “maioria de esquerda”, considerados nessa “maioria” o PS, BE e CDU.

Na sequência deste raciocínio, seria legítimo que o Presidente da República indigitasse o líder do PS para formar governo, garantida que estava essa maioria parlamentar.

Esta verdadeira ficção política parte de um princípio errado porque, na realidade, não existe maioria de esquerda, nem no sentido aritmético. Isto é, assim como não se somam laranjas com maçãs, não vejo como somar os votos no PS com os do PCP e com os do BE.

Esta verdadeira tentativa de fazer da política um cozido à portuguesa pode resultar numa violenta indigestão.

É verdade que os portugueses quiseram seguir um caminho diferente, mas não vislumbro que esse desejo seja o de uma rota radicalmente alternativa. Neste caso, parece-me lógico que teriam, a exemplo dos gregos, votado massivamente no PCP e/ou no Bloco de Esquerda. 

O que o voto dos portugueses significa, no meu modesto entender, é que, rejeitando o austerismo, não optaram pela via radical proposta quer pelo PCP, quer pelo BE.

Seja como for, em política quase tudo é possível. 

Tocqueville afirmou: “Na política, os ódios comuns são a base das alianças.” 

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Escreve à segunda-feira

“Maioria de esquerda”


Esta verdadeira tentativa de fazer da política um cozido à portuguesa pode resultar numa violenta indigestão.


© Tiago Petinga/Lusa

“Penso que a democracia significa hoje, em larga medida, manipular o consenso.”
Erich Fromm

Os resultados das eleições legislativas do passado dia 4 foram, na generalidade, interpretados no sentido da conquista do parlamento pela “maioria de esquerda”, considerados nessa “maioria” o PS, BE e CDU.

Na sequência deste raciocínio, seria legítimo que o Presidente da República indigitasse o líder do PS para formar governo, garantida que estava essa maioria parlamentar.

Esta verdadeira ficção política parte de um princípio errado porque, na realidade, não existe maioria de esquerda, nem no sentido aritmético. Isto é, assim como não se somam laranjas com maçãs, não vejo como somar os votos no PS com os do PCP e com os do BE.

Esta verdadeira tentativa de fazer da política um cozido à portuguesa pode resultar numa violenta indigestão.

É verdade que os portugueses quiseram seguir um caminho diferente, mas não vislumbro que esse desejo seja o de uma rota radicalmente alternativa. Neste caso, parece-me lógico que teriam, a exemplo dos gregos, votado massivamente no PCP e/ou no Bloco de Esquerda. 

O que o voto dos portugueses significa, no meu modesto entender, é que, rejeitando o austerismo, não optaram pela via radical proposta quer pelo PCP, quer pelo BE.

Seja como for, em política quase tudo é possível. 

Tocqueville afirmou: “Na política, os ódios comuns são a base das alianças.” 

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Escreve à segunda-feira