Irlanda. O trevo dá sorte mas não chega para tudo

Irlanda. O trevo dá sorte mas não chega para tudo


Campeã do Seis Nações venceu França (24-9) e evitou cruzamento com os All Blacks. Jonathan Sexton e Paul O’Connell podem ser baixas de peso


Os irlandeses dão muita importância à sorte. O trevo é um símbolo nacional, mesmo não sendo o de quatro folhas, e é dessa forma que o país é reconhecido em muitos cantos do mundo. O problema é quando a sorte não chega para tudo e é substituída pelo azar. Ou quando há um confronto claro entre os dois. O último jogo do grupoD do Mundial de râguebi tem de ser analisado por esse confronto de forças contrárias e pelas consequências que o balanço final poderá ter no futuro.

A vitória foi o melhor que podia ter acontecido à equipa treinada por Joe Schmidt. A Irlanda derrotou a França (24-9), realizou uma exibição muito mais positiva do que na semana anterior contra a Itália e, acima de tudo, assegurou o primeiro lugar que permite evitar a Nova Zelândia nos quartos-de-final. Sorte?Alguma, mas também muito mérito, à custa de uma exibição defensivamente muito boa e com o ataque a fazer a diferença quando necessário.
O problema foi a outra face da moeda. A Irlanda é a campeã do torneio das Seis Nações e surge como a selecção europeia mais cotada em prova – foi a única a vencer um grupo – mas as repercussões negativas do triunfo sobre os gauleses poderão deixar uma marca pesada já no próximo domingo, nos quartos-de-final contra a Argentina. O pesadelo começou com a saída por lesão de Jonathan Sexton aos 26 minutos (uma placagem de Picamoles precipitou a saída, embora já houvesse uma lesão na virilha a deixá-lo desconfortável) mas foi apenas o primeiro capítulo, já que em cima do intervalo foi a vez de o capitão Paul O’Connell sair, transportado de maca e com muito má cara depois de uma lesão sofrida na coxa. 

Se um é preocupante e dois é mau, quatro torna-se assustador. Sim, porque aos 55 minutos foi a vez do flanqueador Peter O’Mahony sair lesionado. E há ainda o soco de Sean O’Brien no francês Pascal Pape que o árbitro galês Nigel Owens não viu mas que poderá provocar uma suspensão pesada através das imagens.
Nenhum dos quatro elementos tem a presença garantida contra a Argentina (Sexton mostrou-se optimista no final do encontro enquanto O’Connell poderá ter acabado a carreira internacional – vai fazer um exame esta segunda-feira para garantir um diagnóstico mais fiável) e a substituição nunca é fácil. Mas para já Ian Madigan e Iain Henderson mostraram estar à altura.

“Houve gente importante a sair mas quem entrou cumpriu muito bem”, salientou o vice-capitão Jamie Heaslip no final do encontro. “Há muitos corpos doridos, vamos ter de recuperar nos próximos sete dias para tentar garantir um lugar nas meias-finais”, continuou. 

A França não está obrigada a passar por esses problemas mas mesmo na máxima força terá sempre de defrontar os All Blacks, tal como aconteceu na fase de grupos e na final do Mundial em 2011. Será azar suficiente?