Fátima. Férias espirituais são terapia para peregrinos (fotos)

Fátima. Férias espirituais são terapia para peregrinos (fotos)


“Faça sol, chuva ou trovoada, tiro uma semana de férias em Maio e outra em Outubro para estar aqui”, afirmou à agência Lusa Manuel Ferreira, agradecido por “sempre que pede alguma coisa, Ela atender”.


Há mais de uma década que invariavelmente, em maio e Outubro, Manuel Ferreira, de 60 anos, faz-se ao caminho, desde Esposende, Braga, transportando uma parte da casa e instalando-se nas imediações do Santuário de Fátima para as suas “férias espirituais”.

Ela é a Virgem de Fátima, que Manuel Ferreira venera incondicionalmente.

“Isto significa muito, isto é tudo na minha vida”, disse, emocionado, garantindo que, se o seu salário de funcionário público fosse outro e pudesse ter uma segunda casa, era Fátima a escolha.

Para Manuel Ferreira, “nem Algarves, nem nada, só Fátima”, enquanto a mulher, Maria Isabel, doméstica de 55 anos, acrescenta, enquanto tira medicação de um saco, que a presença na Cova da Iria é uma terapia.

“É relaxante, isto é uma terapia. Aqui sentimo-nos bem, é um sossego”, declarou.

Nas tendas que montaram, num dos parques do santuário, nada parece faltar ao casal e à família que o acompanhou para terem, dentro do possível, o conforto de casa, de onde trouxeram, também, o pintassilgo.

“Para não ficar sozinho, vem sempre”, justificou Manuel Ferreira que, na terça-feira, dia 13, depois de cumprir mais uma peregrinação, “desmonta o barraco” e coloca-se, de novo, à estrada, agora em sentido inverso, após ter alimentado o espírito.

No mesmo parque, mas no conforto de uma autocaravana, habita por agora Fátima Ribeiro, de 58 anos, do Algarve, numas férias “mais ou menos” espirituais.

“Venho por devoção, tenho fé”, contou Fátima, nascida num 13 de maio, que confessou necessitar de “beber desta espiritualidade”.

Porquê? “Fico mais serena, entra-me uma calma, uma serenidade, fico bem. Até com o meu país fico bem”, explicou.

Enquanto montava a tenda que vai ser a sua morada por estes dias, Graça Bóia, de 67 anos, de Buarcos, Figueira da Foz, dizia à Lusa “nunca ter conhecido outras férias”.

“Sinto-me bem, a gente sente-se em paz”, comentou quem este ano não fez sequer praia e que já em maio tirara iguais férias em Fátima que permitem “descansar a cabeça e tudo”.

O vice-reitor do Santuário de Fátima, padre Vítor Coutinho, destacou que o templo “proporciona para muitas pessoas uma oportunidade de fortalecimento interior e de revitalização espiritual”, e que isto “deve-se tanto à mensagem associada a este lugar como às características deste espaço, que convidam a um encontro com Deus e permitem a serenidade necessária a uma paz interior”.

“Apesar do elevado número de peregrinos que aqui passam, Fátima não deixa de ser um espaço em que cada indivíduo tem condições para interiorização e tem acesso a uma variedade considerável de celebrações comunitárias”, referiu Vítor Coutinho.

“Não nos admiramos que muitas pessoas optem para passar alguns dias de descanso nesta localidade. Também sabemos que outras pessoas deslocam a residência para Fátima”, adiantou o vice-reitor.

A peregrinação é presidida pelo prefeito emérito da Congregação para os Bispos e também presidente emérito da Pontifícia Comissão para a América Latina, cardeal italiano Giovanni Battista Re.

Lusa