Costa diz que reunião foi “muito interessante”, Catarina assegura que PàF “acabou”

Costa diz que reunião foi “muito interessante”, Catarina assegura que PàF “acabou”


A proposta da PàF chegará ao PS esta tarde. Costa considerou “muito interessante” reunião com o BE e Catarina Martins disse mesmo que há “consenso básico” nas três condições colocadas pelo Bloco.


Da reunião entre PS e BE saiu “consenso básico” sobre as condições que o Bloco tinha colocado a António Costa para viabilizar um governo promovido pelos socialistas. 

O líder socialista considerou “muito interessante” a reunião de quase duas horas como o Bloco de Esquerda, na sede deste partido em Lisboa, “onde foi possível identificar um conjunto de matérias passíveis de convergência entre os partidos”. Tal como depois da reunião com o PCP, na semana passada, Costa voltou a dizer que “as divergências são públicas e não faz sentido debatê-las”. O socialista preferiu apontar às “matérias que podem dar suporte a um entendimento sólido, estável que permita trabalharmos no novo quadro parlamentar”.

A porta-voz do BE, Catarina Martins, saiu a dar uns passos mais à frente e garantiu estar “em condições de dizer, sendo certo que ainda há muitos outros temas sobre os quais trabalhar, estão criadas as condições de consenso básico para responder às três condições básicas que o BE tinha colocado para ser possível a viabilização de um governo”. Recorde-se que no debate televisivo, ainda antes das eleições, Catarina Martins desafiou António Costa para falarem depois das eleições, caso o socialista estivesse “disponível para abandonar esta ideia de cortar 1 600 milhões nas pensões [que o BE insiste existir com o congelamento de pensões], abandonar o corte na TSU [uma das medidas mais contestada no programa do PS] e abandonar esta ideia do regime compensatório [dos despedimentos]”. 

“O governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas acabou hoje”

Depois da reunião desta segunda-feira, também António Costa revelou que “ficou assente” que os dois partidos “vão fazer trabalho técnico” para “procurar reduzir o grau de divergência”. Pouco depois, Catarina Martins disse que haverá reuniões de trabalho entre os dois partidos já esta semana. Por agora, as equipas de trabalho são compostas, no lado do BE, por Catarina Martins Pedro Filipe Soares, Pedro Soares, Mariana Mortágua e José Gusmão, enquanto no lado socialista está, além de Costa, Carlos César, Pedro Nuno Santos, Ana Catarina e Mário Centeno.

“É prematuro de dizer que é possível, mas é seguro dizer que há condições para que seja possível um acordo”, afirmou o líder socialista quando saiu do encontro, com Catarina Martins, logo de seguida, a ser mais veemente: “O governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas acabou hoje”. Porquê? “Pusemos já em cima da mesa condições para uma solução de estabilidade orçamental e para uma série de medidas que identificamos como centrais para a recuperação económica e para um governo que rompa com a direita”.

{relacionados}

E Catarina Martins ainda vincou saber que “o BE não teve votos para formar governo, mas a responsabilidade que é pedida hoje é se é possível viabilizar um governo de outro partido que tenha tido mais votos”. A integração do Bloco num eventual futuro governo não é uma condição.

No lado socialista, o passo que se seguirá é outro com Costa a deixar para o final da ronda de negociações com todos (com a coligação Portugal à Frente também) a apresentação das conclusões à Comissão Política Nacional do partido. Costa ainda achou que isso poderia acontecer já amanhã, mas as propostas da PàF só chegarão na tarde desta segunda-feira, revelou o líder socialista. “Assim que estiver concluído o meu mandato (a CPN incumbiu o líder de negociar com a esquerda e a direita) e puder fazer a avaliação de qual as melhores condições para um governo estável, transmitirei à Comissão Política Nacional que avaliará a proposta”. Costa fugiu, desta forma, à questão sobre se admite que a decisão final seja referendada junto dos militantes socialistas.