Como uma máquina de costura se tornou  um projecto de caridade

Como uma máquina de costura se tornou um projecto de caridade


“A doll for a smile – Uma boneca por um sorriso” deve-se a Rita Alves, uma empresária de Oliveira de Azeméis.


A herança de uma máquina de costura com cerca de 100 anos levou uma empresária de Oliveira de Azeméis a confeccionar manualmente dezenas de bonecas de pano para serem doadas no Natal a crianças de uma instituição social.

O projecto “A doll for a smile – Uma boneca por um sorriso” deve-se a Rita Alves que, tendo herdado uma máquina Singer de pedal em ferro fundido, tratou de a restaurar e decidiu depois utilizá-la na confecção do brinquedo que pretende oferecer a crianças “que precisem do carinho com que as bonecas vão carregadas”. A instituição que irá beneficiar da oferta ainda não foi seleccionada, mas a artesã já tem 20 bonecas prontas e promete aumentar o stock nas horas vagas que lhe forem permitidas pela sua ocupação profissional no ramo da hotelaria – só tendo aprendido a costurar em Setembro, com recurso a tutoriais do site de vídeos YouTube.

“Todos os anos tento arranjar tempo para fazer alguma coisa em prol dos outros”, explica Rita Alves, citada pela Lusa. “Há dois anos foi um jantar solidário para crianças de uma comissão de menores, o ano passado foi o apoio aos peregrinos de Fátima e, este ano, ao receber a máquina que já foi da minha mãe e da minha avó, tinha de ser qualquer coisa com costura. Portanto, decidi que iam ser as bonecas”, revela. A escolha do formato têxtil justifica-se não apenas pela existência da máquina Singer, enquanto instrumento já disponível para assegurar o fabrico das peças, mas também pelas qualidades do próprio material a costurar: “O tecido remete muito para a nossa infância. É mais agradável ao toque, mais caloroso, mais humano.”

Se no início Rita Alves “não sabia sequer como enfiar a linha na máquina”, em dois meses a evolução é evidente e nota-se logo ao nível da organização: rasgou as roupas que os filhos já não usam para servirem como vestuário das bonecas; missangas e contas soltas são guardadas para criar olhos; botões, rendas e fitinhas servem para laços no cabelo, bolsas a tiracolo e detalhes decorativos; pedaços de feltro transformam-se em botins; e da lã fazem-se os cabelos. Cada um desses brinquedos demora, em média, cinco horas a confeccionar e, com enchimento em plumante, tem agora a estatura standard de 40 centímetros, “que é o tamanho mais fácil de manusear e mais ajustado para se abraçar”.

Na escolha do organismo cujas crianças irão receber as bonecas, Rita Alves deverá privilegiar “uma associação em que o brinquedo ainda não esteja banalizado”. E explica: “Os meus filhos já são da geração que cresceu com as Barbie e os Action-Man, que são todos em plástico, e as crianças agora têm tal excesso de brinquedos que não criam grande ligação emocional com nenhum. Por isso é que eu preferia que cada uma destas bonecas fosse para um local onde pudesse tornar-se realmente a ‘amiga especial’ das suas crianças.” 

A produção do projecto “A Doll for a Smile” pode seguir-se na página de Facebook “Made with love.com”

Lusa