Comandante da SATA diz que A310 estão “absolutamente obsoletos”

Comandante da SATA diz que A310 estão “absolutamente obsoletos”


Luís Miguel Sancho deu também conta do que considerou serem incumprimentos do departamento de escalas da SATA.


O comandante da SATA Internacional Luís Miguel Sancho afirmou esta segunda-feira que os aviões A310 com que a companhia açoriana opera estão “absolutamente obsoletos” e criticou o planeamento que é feito das tripulações, com prejuízos financeiros para a empresa. 

“Os aviões [A310] estão absolutamente obsoletos. Eu como passageiro não entrava num avião da SATA. O que é dado a ver ao passageiro não tem condições nem conforto em comparação com o que a nossa concorrência oferece”, afirmou Luís Miguel Sancho, acrescentando, porém: “Não desaconselho os passageiros a voar na SATA”. 

Luís Miguel Sancho falava, em Ponta Delgada, numa audição da comissão parlamentar de inquérito ao Grupo SATA, proposta pelo PSD e subscrita pela restante oposição com o objectivo de apurar responsabilidades pela situação financeira em que se encontra a companhia aérea açoriana, que em 2014 teve prejuízos de 35 milhões de euros. 

Aos deputados, o comandante Luís Miguel Sancho, na SATA desde 2001 e que em seis meses teve dois processos disciplinares, considerou que os A310 deveriam ser rentabilizados “mais alguns anos”, mas a companhia aérea já decidiu passar a voar com os A330. 

“Os aviões não têm idade, podem voar praticamente para sempre se formos tomando bem conta deles. A questão aqui é sempre a apresentação do avião”, referiu o comandante e auditor na SATA, acrescentando que sempre transmitiu às chefias as “questões relativas à segurança do voo para serem corrigidas e foram sempre desvalorizadas”. 

Segundo Luís Miguel Sancho, “não há aqui nenhuma cabala contra a administração, mas as pessoas têm de ser responsabilizadas, porque os problemas foram dados a conhecer de várias formas”. 

O comandante com experiência nacional e internacional no meio aeronáutico deu também conta do que considerou serem incumprimentos do departamento de escalas da SATA, que “acarretam custos para a empresa e desmotivam trabalhadores”. 

“Sou pago para fazer 900 horas por ano, mas a empresa só me dá 300 horas por ano e pagam-me o mesmo ordenado. É uma empresa muito boa para mim, mas é incomportável manter-se as coisas nesses moldes”, afirmou Luís Miguel Sancho, acrescentando que, por outro lado, “há colegas que têm muitas horas extra”, pelo que “a empresa não está a rentabilizar os seus trabalhadores”. 

Questionado sobre se há intimidações e medo dentro da empresa, o comandante reconheceu que existem. 

Luís Miguel Sancho é o segundo comandante da SATA, depois do comandante Abel Coelho, a ser ouvido nesta comissão parlamentar de inquérito, tendo dito que vê a empresa a afundar-se”, apesar de “ter todas as condições para singrar”. 

“Não percebo porque é que a empresa não singra no mercado. Quem escolhe o conselho de administração de uma empresa é o accionista. Já algum olhou para o currículo das pessoas antes de elas entrarem para lá. Não sei se conta ter experiência em aviação ou não”, sustentou o comandante, lamentando que “na SATA não haja uma identidade”.

Esta manhã os deputados ouviram à porta fechada o ex-director de manutenção da SATA, o engenheiro José Carlos Laia Roque.

O mandato desta comissão parlamentar de inquérito termina a 27 de Dezembro.

Lusa