CBRE. Consultora entra no mercado residencial “com olho” nos vistos gold

CBRE. Consultora entra no mercado residencial “com olho” nos vistos gold


A empresa admite que podemos assistir a uma escassez da oferta e, por isso, haverá margem para subir os preços.


A consultora CBRE, até aqui vocacionada para o mercado de escritórios, começou a apostar no segmento residencial. Esta decisão deve-se, em parte, à recuperação deste mercado e, ao mesmo tempo, quer captar mais investidores estrangeiros que pretendam beneficiar dos mecanismos criados pelo governo português, como os vistos gold e o RNH (Regime Fiscal para o Residente não habitual) “que trouxeram vantagens competitivas para o mercado nacional”, refere ao i, o director da área residencial da CBRE, Frederico Mendoça.

Apesar de reconhecer que existem actualmente alguns entraves na atribuição destes vistos, o responsável acredita que este mercado “voltará a níveis de investimento interessantes” e dá como o exemplo, os números de Agosto e Setembro em que houve 22 milhões de euros de investimento em cada um destes meses por via dos vistos gold. “Assumindo que após a publicação da alteração da lei a 3 de Setembro, que vem melhorar a articulação dos processos e criar melhores acessos a este benefício, a tendência é de incremento e posterior estabilização. A expectativa é de que o investimento motivado por este mecanismo represente qualquer coisa na ordem dos 500 milhões de euros por ano, o que não é obviamente de desprezar”, revela Frederico Mendonça.

Oferta Para o responsável da CBRE, ainda há boas ofertas de mercado, mas com tendência a escassear. A explicação é simples: “Por via dos anos muito difíceis que se viveram entre 2008 e 2012, houve uma paragem de produção no imobiliário residencial, que se repercute na escassez de boas ofertas a que hoje se assiste, especificamente em casas construídas e prontas a habitar.”

De acordo com o mesmo, os promotores em geral viram-se forçados a atrasar ou mesmo a parar os seus projectos, o que naturalmente resulta, em tempos de recuperação, na falta de produto acabado disponível. Mas nem essa escassez de oferta desmotiva a consultora ao garantir que olha “para esta circunstância como uma oportunidade de reeducar o mercado quanto à compra de projectos ainda em planta”, refere.

Frederico Mendonça acredita que esta tendência irá dar margem para subir os valores que actualmente são praticados. “Até há seis meses ou um ano, ainda se assistia a preços ‘sob pressão’ e por isso com tendência de queda, mas neste momento, e por exemplo, em zonas centrais de Lisboa, os preços estão tendencialmente a subir”, acrescenta.

Como a CBRE conta com uma rede de escritórios internacional acredita que pode funcionar com um pólo de captação de clientes estrangeiros, mas também que ser uma solução para o mercado interno. “Países como França, UK, Suécia, ou mesmo China, Médio Oriente e Brasil, fazem parte da estratégia da CBRE. Também por via das relações estreitas que temos com o mercado de promoção imobiliária em Portugal, queremos ser uma das principais escolhas dos clientes portugueses”, admite Frederico Mendoça.

Para já, a consultora aposta em dois segmentos principais: grande Lisboa e turismo residencial (em todo o país) no segmento médio alto e alto. “A médio prazo, pretendemos também estender a nossa presença a todo o país”, conclui.