Colin Hill é um norte-irlandês com jeito para a bola. Nasce em 1963 e entra nas escolas do Arsenal em 1977. Assina contrato profissional em 1981 e estreia-se a 20 de Abril de 1983 (derrota em Norwich). Joga ali no meio, como 6 ou 8, umas sete vezes. Na época seguinte, recua para lateral-direito e completa 37 jogos. É titularíssimo até Agosto de 1984, altura em que chega Viv Anderson, o primeiro negro na selecção inglesa. Em 1986, sai de Highbury e entra no Brighton, onde não faz um minuto sequer até se transformar o primeiro norte-irlandês na 1.ª divisão portuguesa. What?
Colin Hill? É isso mesmo, Colin Hill aterra na Madeira e veste a camisola do Marítimo em 86-87. Marca dois golos ao Benfica (2-2 nos Barreiros) e outros dois ao Sporting (um no Funchal, 1-0; outro em Alvalade, 6-1). E o Porto? Nem um para amostra. Só vê um cartão amarelo antes de arrepiar caminho para oColchester, da 2.ª divisão inglesa. Colin Hill (porque é engraçado abrir o terceiro parágrafo seguido com o nome do homem) entra na selecção norte-irlandesa em Março de 1990 e soma 27 internacionalizações, três delas com Portugal (dois empates e uma derrota, na Luz, em 1997, rumo ao Mundial de França). Por essa altura, a Irlanda do Norte é patrocinada pela Umbro. E então?
E então que a Irlanda do Norte só se dá bem com Adidas. A comprová-lo, as participações nos Mundiais-82 e 86. A partir daí, game over. Nem ai nem ui, muito menos oi. Os norte-irlandeses falham rotundamente todas as qualificações – ao todo, 15 entre sete Mundiais e oito Europeus. À 16.ª tentativa, alto lá e pára o baile. Habemus Irlanda do Norte noFrança-2016. Mais: é uma estreia nos Europeus – tal e qual a Islândia. E porquê? Simples, a Irlanda do Norte volta a ser patrocinada pela Adidas.
Sim, os alemães espalham eficácia por onde passam. E logo a Alemanha, cujo único adversário capaz de lhe bater nos jogos de ida e volta em qualificações é precisamente a Irlanda do Norte, com duplo 1-0, a caminho doEuro-84 (em França, como este em 2016). Dois anos depois, a Irlanda do Norte comete a proeza de anular a Inglaterra em Wembley (0-0) e apura-se para o México-86 como segunda classificada do grupo. É o último acto de categoria internacional.Daí para cá, zero, rien de rien, dolce far niente. Até agora.
Com a força da Adidas e a pontaria de Kyle Laffert (indiscutível melhor marcador do grupo F, com seis golos, três de avanço sobre o compatriota Gareth McAuley), a Irlanda do Norte volta a dar um ar de sua graça com uma campanha de alto nível, apenas atraiçoada pela Roménia (2-0 em Bucareste, 0-0 em Belfast).De resto, trigo limpo, farinha amparo. A Grécia que o diga: apanha 3-1 em Belfast. A Irlanda do Norte apura-se para o Euro-2016. Com Colin Hill nas bancadas, a convite da federação.
Figuras da Irlanda do Norte
George Best (1964-77)
Um dos mais geniais sem ir a um Mundial. A opinião pública ainda chama por ele para o Mundial-82 mas Billy Bingham descarta-o. Por idade (36) e falta de pernas (última internacionalização em 1977).
Norman Whiteside (1982-89)
Ainda hoje é o mais jovem de sempre a participar numa fase final do Mundial, à frente de Pelé. Em 1982, com 17 anos e 42 dias de idade, o avançado joga com a Jugoslávia, em Saragoça.
David Healy (2000-2013)
É o melhor marcador de sempre da selecção, com 41 golos, 13 deles rumo aoEuro-2008 – estabelece o recorde na história das qualificações, à frente do croata Suker (12) em 1996.