A editora E-primatur anunciou esta sexta-feira que vai editar, antes do final do ano, a “História universal da pulhice humana”, de José Vilhena, autor falecido no passado dia 3 de Outubro.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a editora afirma que “ainda este ano estará nas livrarias ‘História universal da pulhice humana’, numa edição cartonada, que reúne os três volumes desta obra, publicados entre 1960 e 1965”.
“A edição será fac-similada para preservar a importante relação entre as imagens e o texto, tão importante para Vilhena”, lê-se no mesmo comunicado.
No primeiro semestre de 2016, será publicado, do mesmo autor, “Criada para todo o serviço” e, no segundo semestre, “um outro volume ainda por definir”.
O objectivo da editora é “a publicação regular e disponibilização das obras de um autor essencial para o retrato da nação ao longo do século XX, mas que foi estigmatizado, como acontece muitas vezes por esse mundo fora, pelo facto de ser um humorista e, logo, um ‘escritor menor’".
“As recentes referências quando da sua morte provam precisamente o contrário: que foi um escritor que influenciou várias faixas populacionais bem mais que muitos dos mais importantes vultos das letras deste país”, salienta a E-primatur.
Segundo a mesma fonte, “poucas semanas antes do falecimento de José Vilhena, a E-primatur tinha chegado a acordo com a família do autor para a publicação regular dos livros de Vilhena”.
O cartoonista José Vilhena, de 88 anos, fundador das revistas O Moralista e Gaiola Aberta, morreu no passado dia 3, em Lisboa, no Hospital de S. Francisco Xavier, vítima de doença prolongada.
Natural de Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, estudou Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes, no Porto, vindo a instalar-se em Lisboa, onde, na década de 1950, assinou cartoons para os jornais Diário de Lisboa, Cara Alegre e O Mundo Ri, (de que foi um dos fundadores).
“José Vilhena foi o autor incontornável de três ou quatro décadas do humor em Portugal. A sua obra, na tradição de Gil Vicente, Bocage ou Bordalo Pinheiro, é uma crónica dos tempos. Umas vezes pela crítica de costumes, outras vezes no olhar sobre a política, outras sobre a Igreja e quase sempre sobre a mulher”, afirmou na ocasião à Lusa, o seu sobrinho Luís Vilhena.
O cartoonista e ilustrador “terá sido dos poucos artistas em Portugal que dominou e incluiu na sua obra a arte da escrita, do desenho, da ilustração, das fotomontagens nos seus primórdios, da fotografia, da revista à portuguesa e até uma breve incursão pelo cinema”, salientou o sobrinho.
A mesma fonte realçou que José Vilhena seguiu, na maior parte das vezes, “o caminho do humorismo, outras, poucas, a da pintura – ‘dulcemente erótica’ como escreveu Rui Zink”.
Lusa