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Quem ganha as eleições governa. Esta tem sido a prática que PS, PSD e CDS têm respeitado. A próxima legislatura não deve ser excepção. Assim, o próximo governo será sustentado pelos deputados eleitos nas listas da coligação PSD/CDS. E, tal como sucedeu na primeira legislatura de Cavaco Silva, nas duas de António Guterres e na segunda de José Sócrates, acordos pontuais terão de ser feitos com o PS.
Um governo de coligação minoritário é inédito, mas pode ter repercussões muito interessantes. A fusão da direita num só partido torna-se praticamente obrigatória para que o único impedimento da chegada da extrema-esquerda ao poder não seja um bloco central que esgote a alternância de poder tão importante numa democracia.
O arranjo do espaço político da direita obrigará o PS a defrontar directamente o Bloco e o PCP para vencer eleições. Isso libertará, de uma vez por todas, a política portuguesa da hipotética, mas inexistente, aliança de esquerda e esvaziará os extremos para que o centro-esquerda não desapareça.
As próximas semanas serão da máxima importância. É que a quase bancarrota do Estado, a intervenção da troika e as medidas de contenção orçamental não ditaram apenas o fim de um modelo de desenvolvimento económico, com as consequências mais visíveis no BES e na PT. Estão também a forçar uma alteração profunda do panorama político. Mas para isso é indispensável que PSD e CDS se mantenham juntos, concretizando em 2015 o que não foi possível em 1980.
Advogado
Escreve à quinta-feira