Crítica. Sai um Óscar para Johnny Depp

Crítica. Sai um Óscar para Johnny Depp


“Jogo sujo” **


Algures alguém felicitava a chegada de “Black Mass – Jogo Sujo” e contentava-se por finalmente voltar a ver Johnny Depp no papel de um “humano real”. Sim, nada de piratas, nem Eduardos-Mãos-de-Tesoura, nem nada que pudesse surgir da cabeça perturbada de Tim Burton. Johnny Depp, o próprio, de regresso ao drama e aos papéis sérios.

Só que não, apetece dizer, como aquele hashtag (#sóquenão) que se pega como um fungo nas redes sociais. Johnny Depp, aqui no papel do mafioso James “Whitey” Bulger, está ainda mais irreconhecível que no papel de Chapeleiro Louco.

Nada contra isso, pelo contrário, mas é provável que durante o filme se distraia da história a pensar nas camadas de maquilhagem que ali estão e “olha-me para aquelas lentes” e “aquilo são sardas?” e… chega.

Até porque Hollywood gosta destas transformações e este pode muito bem ser o papel que, de uma vez por todas, lhe garanta um Óscar – e Depp já está bem classificado na lista de apostas para Melhor Actor. O filme de Scott Cooper baseia-se no livro com o mesmo nome dos jornalistas Dick Lehr e Gerard O’Neill, uma investigação sobre Bulger, padrinho da máfia irlandesa em Boston, e John Connoly, do FBI, o seu amigo de infância.

O filme não traz nada de novo à história e pode tornar-se mesmo aborrecido. A não ser por Depp, claro, que apesar de bem acompanhado (Joel Edgerton, Benedict Cumberbatch) está no seu one-man show. 

“Jogo sujo”
**
De Scott Cooper
Com Johnny Depp, Joel Edgerton, Benedict Cumberbatch, Rory Cochrane, Kevin Bacon, Jesse Plemons