Bryan Habana. Um, dois, três para chegar a Jonah Lomu

Bryan Habana. Um, dois, três para chegar a Jonah Lomu


Sul-africano fez três ensaios no jogo mais desnivelado do Mundial (64-0 aos EUA) e igualou recorde do All Black em fases finais da competição


O Estádio Olímpico de Londres é muito recente para ter uma história rica em grandes momentos desportivos. É certo que já viu as dobradinhas de Usain Bolt (100 e 200 metros) e Mo Farah (5000 e 10000 metros) mas ainda não teve muita utilização – o West Ham só se vai mudar de armas e bagagens do Upton Park na próxima temporada. O Mundial de râguebi surge como o segundo grande evento à escala planetária mas à excepção do jogo de atribuição do terceiro lugar, limita-se a encontros da fase de grupos. Até ontem, tinha sido o anfitrião do França-Roménia (38-11), Nova Zelândia-Namíbia (58-14) e Irlanda-Itália (16-9): três jogos com pouca história.

O África do Sul-EUA chegou para mudar esse paradigma. À primeira vista seria apenas um jogo para cumprir calendário, com expectativa de um resultado desnivelado. No final, foi muito mais do que isso: porque foi a maior diferença de um encontro neste Mundial (superou o 65-3 da Austrália ao Uruguai), porque pela primeira vez uma selecção ficou em branco e, sobretudo, porque Bryan Habana igualou o recorde de ensaios em fases finais que pertencia a Jonah Lomu (15).
O ponta sul-africano entrou no Mundial com dez ensaios e nos primeiros três jogos conseguiu acrescentar mais dois à conta: um contra Samoa e outro contra a Escócia. Antes de começar a fase a eliminar (Springboks defrontam o derrotado do jogo entre Austrália e Gales nos quartos-de-final), Habana tinha uma derradeira oportunidade de deixar o trabalho feito, e logo contra a selecção mais frágil. A primeira parte foi discreta mas na segunda a história começou a escrever-se logo no segundo minuto.

O balanço fez o resto. Os EUA ficaram mais impotentes para segurar os ataques adversários depois do 14-0 ao intervalo e a velocidade de Bryan Habana – mediaticamente testada contra uma chita no passado – fez o resto. Não só em campo mas também no cronómetro, com ensaios consecutivos aos 59’ e 61’. Havia tempo ainda para superar Lomu mas, praticamente logo a seguir, não segurou uma bola perdida praticamente em cima da linha de ensaio.
A marca de Bryan Habana está dividida por três Mundiais. Começou em 2007, emFrança, com oito ensaios, em mais uma marca que pertencia unicamente a Lomu. Há quatro anos, na Nova Zelândia, foi mais discreto (dois), e agora está a caminho de nova campanha pelo primeiro lugar, igualando para já os cinco ensaios do All Black JulianSavea.

O registo de Jonah Lomu continua a ser único numa perspectiva: foi alcançado em apenas duas fases finais. Na estreia, na África do Sul em 1995, somou sete ensaios em cinco jogos e quatro anos depois, noReinoUnido, atingiu os oito em seis jogos, marcando em todos excepto no jogo de atribuição do terceiro lugar, contra a África do Sul. Nos onze jogos disputados, Lomu só ficou em branco em dois: nesse de 1999 e contra Gales na fase de grupos em 1995.