Em mais um capítulo do Relatório de Estabilidade Financeira Global, hoje divulgado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que para “encorajar o crescimento do crédito” – necessário para que a Europa volte ao crescimento sustentado -, é importante que os bancos europeus "se livrem" de parte do crédito de cobrança duvidosa que têm nos seus balanços e que no final de 2014 ascendia a 52 mil milhões de euros.
No entanto, refere a instituição sediada em Washington, um dos problemas que impede os bancos de limpar a carteira de empréstimos é o ‘pricing gap’ – a diferença a que os créditos estão no balanço dos bancos e o preço que os investidores estão dispostos a pagar para ficar com eles.
O FMI defende que seja reduzido o tempo que, no caso de incumprimento de um crédito, demora a ser retomada a garantia (caso de um imóvel).
Isso permitiria, considera o FMI, maximizar o valor da garantia, com vantagem quer para o credor, quer para o devedor.
Assim, estima o FMI que, se o tempo de retoma de um imóvel descer para um ano (período que considera uma boa prática) e se os empréstimos malparados forem vendidos a investidores esperando retornos de 10%, poderia ser gerada uma capacidade de concessão de crédito de 602 mil milhões de euros na Europa, dos quais 373 mil milhões de euros poderiam ficar disponíveis nos países da periferia, como Portugal.
Além do facto de o elevado volume de crédito malparado limitar o empréstimo de dinheiro à economia, a instituição liderada por Christine Lagarde está também preocupada com o facto de a concessão de pouco crédito dar origem a bancos pouco rentáveis. Isto porque bancos pouco lucrativos apoiam menos a economia, num ciclo que liga a fragilidade do sector financeiro à fragilidade económica.
O FMI diz também que os bancos continuarão a ser cautelosos no crédito concedido enquanto as recentes alterações ao quadro regulamentar não estiverem consolidadas, caso das normas de Basileia III.
No Relatório de Estabilidade Financeira Global é ainda escrito que melhorou a estabilidade financeira nas economias desenvolvidas, tendo em conta a recuperação económica e as políticas monetárias tomadas, mas há importantes riscos nos mercados emergentes, em particular na China.
Lusa