Demitido


Uns ganharam por “poucochinho”, outros perderam por “muitinho”.


© Mário Cruz/Lusa

O estranho é que os vencedores foram tratados como derrotados e os derrotados como vencedores.

O discurso de António Costa na noite das eleições é um bom exemplo do autismo que alguns políticos têm: com uma derrota estrondosa, Costa mais parecia o vencedor das eleições.

António Costa, político experiente e hábil, não percebeu: não é possível conquistar simultaneamente o centro e a extrema-esquerda; não é possível dizer tudo e o seu contrário; não é possível exigir ao anterior líder e não exigir a si próprio. 

As contradições são sempre fatais, seja a curto, médio ou longo prazo.
Isso vale também para o eventual sonho de se derrubar o governo na primeira oportunidade, cujas consequências são já historicamente conhecidas.

António Costa foi demitido pelos portugueses e, portanto, qualquer caminho que passe por ser primeiro-ministro sem o voto dos eleitores constituirá sempre um golpe constitucional, carecido de legitimidade democrática. 

Por muito que alguma esquerda ignore alguns destes princípios, a democracia tem regras, gostemos ou não.
É nestes momentos que se identificam os verdadeiros democratas.

Quero acreditar que António Costa terá presente os ensinamentos de Séneca: “Antes ser derrotado no bem do que vencer no mal.”

Professor da Faculdade de Direito da Univ. de Lisboa
Jurisconsulto
Escreve à quarta-feira

Demitido


Uns ganharam por “poucochinho”, outros perderam por “muitinho”.


© Mário Cruz/Lusa

O estranho é que os vencedores foram tratados como derrotados e os derrotados como vencedores.

O discurso de António Costa na noite das eleições é um bom exemplo do autismo que alguns políticos têm: com uma derrota estrondosa, Costa mais parecia o vencedor das eleições.

António Costa, político experiente e hábil, não percebeu: não é possível conquistar simultaneamente o centro e a extrema-esquerda; não é possível dizer tudo e o seu contrário; não é possível exigir ao anterior líder e não exigir a si próprio. 

As contradições são sempre fatais, seja a curto, médio ou longo prazo.
Isso vale também para o eventual sonho de se derrubar o governo na primeira oportunidade, cujas consequências são já historicamente conhecidas.

António Costa foi demitido pelos portugueses e, portanto, qualquer caminho que passe por ser primeiro-ministro sem o voto dos eleitores constituirá sempre um golpe constitucional, carecido de legitimidade democrática. 

Por muito que alguma esquerda ignore alguns destes princípios, a democracia tem regras, gostemos ou não.
É nestes momentos que se identificam os verdadeiros democratas.

Quero acreditar que António Costa terá presente os ensinamentos de Séneca: “Antes ser derrotado no bem do que vencer no mal.”

Professor da Faculdade de Direito da Univ. de Lisboa
Jurisconsulto
Escreve à quarta-feira