Passos e Portas assinaram nesta quarta-feira um acordo de governo que deve ser a base de um diálogo entre todos os partidos eleitos para o Parlamento, em particular com o PS. O líder do PSD adiantou que contactou esta manhã António Costa para que ainda esta semana os dois líderes se possam encontrar com vista "a promover com o PS as condições de diálogo".
"Não ignoramos que junto do PS podemos encontrar um núcleo de afirmação e vontade política em torno da solução europeia que tem unido o país desde há muitos anos a esta parte", afirmou Passos Coelho, para depois reiterar que "faz sentido que se busque em primeiro lugar junto do PS as condições para continuar a respeitar as regras europeias".
Para o líder dos sociais-democratas, o acordo de governo assinado entre PSD e CDS, que substituiu o acordo eleitoral da coligação Portugal à Frente, vencedora das eleições de dmonigo, "não visa reduzir o espaço de compromisso", mas antes "demonstrar que existe uma base sólida e coesa" para, "respeitando a vontade dos portugueses", desenvolver uma "cultura de compromisso que permita que o país seja governado com estabilidade".
Paulo Portas, na mesma linha, frisou que "a cultura de diálogo não é estranha a nenhum partido democrático". O líder do CDS lembrou que mesmo quando a coligação esteve em maioria no Parlamento (nos últimos quatro anos) "foi possível fazer acordos com a Concertação Social, descer o IRC e descongelar o salário mínimo". Portas, de resto, recusa aceitar que o novo Executivo, do qual fará parte, será um governo a prazo. "O nossa projecto é governar quatro anos", afirmou.
Passos também não quer ouvir falar em governar a prazo e insistiu no aviso que atirou no domingo de eleições. "Temos todos a obrigação de colocar de lado as diferenças significativas que tendem a ser mais notadas no período de campanha eleitoral. Não se crie a sensação de contagem decrescente até às próximas eleições", sublinhou.
Até à tomada de posse do novo Executivo, que deverá acontecer no final do mês, o tempo é de diálogo. Passos acredita que é o tempo suficiente para estabelecer compromissos para um "governo estável e duradouro", como pediu ontem o Presidente da República, Cavaco Silva, na sua comunicação ao país. "É muito natural que até à data em que os resultados são publicados exista tempo adequado para gerar condições de governabilidade", disse o líder do PSD.
E deixou ainda um aviso para a comunicação social, que nos últimos dias tem dado conta das possíveis entradas e saídas de ministros do novo Executivo: "Não havendo ainda sequer um governo indigitado. Qualquer especulação sobre o governo será altamente especulativa. Não vale a pena estarmos a alimentar qualquer romance sobre a estrutura do governo", apelou.