O julgamento do caso Nóos, que senta no banco dos réus a infanta Cristina de Espanha, o marido, Iñaki Urdangarin, e mais 16 arguidos, terá início no dia 11 de Janeiro, em Palma de Maiorca. A notícia foi avançada ontem pela justiça espanhola num comunicado que adianta ainda não se saber o número de sessões do julgamento.
Diego Torres, um dos arguidos, solicitou a presença do rei Filipe VI no julgamento para demonstrar que a família real tinha conhecimento das actividades realizadas pelo Instituto Nóos. O pedido foi recusado pelo tribunal, que o declarou inadmissível “por motivos legais”.
O escândalo, que causou um enorme impacto sobre a imagem da monarquia espanhola, remonta ao ano de 2011, quando o antigo jogador de andebol foi acusado de fraude fiscal e desvio de dinheiros públicos a seu favor, usando a sua posição na família real para obter contactos públicos através do Instituto Nóos, do qual era presidente. Nessa altura, a infanta Cristina foi constituída arguida pelo juiz José Castro por ser considerada cúmplice do marido, ao não declarar dinheiro que terá sido desviado por Urdangarin.
A justiça considera que os contratos foram superfacturados e que o antigo jogador de andebol, em conjunto com um sócio, terá desviado 6,1 milhões de euros entre 2004 e 2007. Parte desse dinheiro foi transferido para uma empresa-fantasma, a Aizoon, propriedade de Urdangarin e da infanta Cristina.
Urdangarin será então julgado pelos crimes de desvio de dinheiro, crime fiscal, tráfico de influências e fraude e lavagem de dinheiro. A promotoria pede uma pena de 19 anos e seis meses de prisão.
Aquando do seu discurso de proclamação, o rei Filipe VI de Espanha prometeu uma “monarquia íntegra, honesta e transparente” e, desde que chegou ao trono, impôs novas medidas, como um código de conduta, aos membros da casa real. Os delitos cometidos pela irmã e pelo cunhado do monarca não se integram nesse código. Nesse sentido, o actual rei de Espanha retirou à irmã o título de duquesa de Palma para evitar uma maior deterioração do prestígio da monarquia.
Em 2011, Iñaki Urdangarin foi afastado de toda a sua actividade oficial pelo seu “comportamento não exemplar” e o antigo rei Juan Carlos alegou, num discurso oficial, que “a justiça é igual para todos” e que “qualquer acto censurável deverá ser julgado e sancionado de acordo com a lei”.