PSD e CDS querem acelerar a tomada de posse do novo governo. Passos e Portas reuniram ontem a sós, antes do encontro ao mais alto nível com as respectivas direcções partidárias para fechar o acordo de governo. Hoje, o líder do PSD, partido mais votado no domingo, vai ser recebido por Cavaco Silva. A expectativa está virada para a leitura que o Presidente da República faz dos resultados eleitorais e não são esperadas surpresas, admitem sociais-democratas e centristas ao i. Passos, depois de ouvir o chefe de Estado, vai responder com a disponibilidade e as condições de estabilidade essenciais para formar governo, mesmo sem o suporte de uma maioria em São Bento.
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O acordo de governo entre PSD e CDS só deverá ser conhecido hoje à noite, depois de aprovado pelo conselho nacional do PSD e do CDS. A este documento – e à vitória nas eleições –, Passos deverá anexar as suas declarações na noite eleitoral e as de António Costa. “Não deixaremos de ir ao encontro do PS”, garantiu o líder da coligação Portugal à Frente. Antes, o líder do PS deixava um aviso que ao mesmo tempo que tranquilizava a coligação, mostrava as linhas vermelhas. “Não contem com o PS para viabilizar políticas que não são nossas nem formar maiorias negativas”.
Sem a tão desejada maioria nas mãos, a estabilidade de um futuro governo do PSD/CDS está nas mãos do PS. Costa recusa dizer para já se chumba o Orçamento do Estado do PSD/CDS para o próximo ano, recuando no anúncio feito no calor da campanha de que iria chumbar a proposta da coligação.
Passos e Portas vão tentar tirar partido da disponibilidade de Costa para uma “oposição responsável”. Ainda antes de serem convidados por Cavaco para formar governo, os líderes dos PSD e do CDS deverão procurar agendar um encontro com o secretário-geral do PS para avaliar as linhas vermelhas dos socialistas.
A ordem, por isso, é para não hostilizar as relações entre PSD/CDS e o PS. “Nos últimos quatro anos os desafios foram trazidos em consequência da intervenção da troika, agora terá de haver uma constante busca de consensos”, nota Virgílio Macedo, líder da distrital do Porto do PSD.
O futuro governo de minoria de direita vai ser obrigado a negociar permanentemente com o PS. Passos, segundo apurou o i, tenderá a pedir consensos em diplomas mais abrangentes, como a reforma da Segurança Social. Mas o programa de governo também terá que cair em graça junto dos socialistas, nomeadamente em matéria de alívio fiscal e de ruptura com a austeridade. É que com um programa rejeitado, o governo fica sem condições para governar. Mas este é para já um cenário que a coligação evitar tomar como provável. A expectativa é de que PSD e CDS vejam aprovados o seu Orçamento e programa de governo até que o PS entenda que está em condições de os chumbar.