O dirigente socialista Álvaro Beleza vai pedir na Comissão Política Nacional de hoje do partido a marcação de eleições primárias no PS a realizarem-se a seguir às eleições presidenciais, porque tem de haver uma "clarificação" da liderança do partido.
Álvaro Beleza, que integrou a direção do PS de António José Seguro e foi um dos responsáveis pela transição entre essa liderança e a de António Costa, vincou que é necessária uma "clarificação interna" sobre a liderança do PS a ter depois das eleições presidenciais de janeiro de 2016, e às quais concorrem dois nomes da área política do PS: Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa.
De todo o modo, acrescenta o socialista, António Costa, ao não demitir-se no domingo após a derrota nas legislativas, indicia que se irá recandidatar à liderança do partido, mas, advoga Beleza, do mesmo modo que Costa chegou à liderança do PS através de primárias o mesmo método deveria ser agora aplicado.
"O secretário-geral do PS é sempre um possível primeiro-ministro", sustenta Beleza, recordando o facto de as primárias de 2014 terem sido para escolher o candidato socialista a primeiro-ministro e não o secretário-geral do partido.
Costa, prossegue o antigo membro da direção de Seguro, deve ser "coerente", e portanto a "legitimação" da liderança do PS "tem de ser feita no mesmo tipo de eleição" com que o antigo presidente da Câmara de Lisboa chegou ao poder no partido.
"O secretário-geral é sempre um potencial primeiro-ministro e ainda mais neste quadro de direita minoritária", insistiu Beleza.
A clarificação interna deve ser "serena" e "racional", acrescenta ainda, mas o PS, partido "charneira" da estabilidade, deve estar pronto para o "quadro de alguma instabilidade" que o parlamento viverá com uma maioria de centro-direita minoritária.
"A clarificação interna deve ser feita depois das presidenciais. Não vamos agora criar aqui ruído porque já estamos a correr atrás do prejuízo", prosseguiu o dirigente socialista.
Álvaro Beleza diz ainda rever-se integralmente nas declarações de hoje de Francisco Assis à Lusa, com o eurodeputado a considerar, por exemplo, que qualquer discussão sobre a liderança do PS é "extemporânea" e o mais importante é garantir a eleição de um Presidente da República oriundo do espaço político deste partido.
Francisco Assis declarou ainda que o PS deve assumir a liderança da oposição ao Governo PSD/CDS-PP, nunca se subjugando a chantagens, mas deve ser sensível às "legítimas" preocupações de estabilidade política.
Álvaro Beleza é um dos socialistas que estará na Comissão Política Nacional do partido agendada para as 21:30 de hoje.
A reunião segue-se às legislativas de domingo, que a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) venceu as eleições com 38,55% (104 deputados), com o PS a conseguir 32,38% (85 deputados).
Beleza diz que não se sentia bem na sua "consciência" se não levasse adiante a questão da clarificação interna, e sublinhou que "se ninguém aparecer" em melhores condições de disputar a liderança, "não foge", apesar de tal desígnio não ser uma "missão de uma vida".
O socialista lembrou que António José Seguro "foi apeado" depois de vencer duas eleições, autárquicas e europeias, ao passo que o atual secretário-geral perdeu as legislativas disputadas no domingo.
Logo após o sufrágio, Beleza havia pedido uma discussão interna e uma comissão política, acrescentou, é "poucochinho" para o momento.
António Costa vai convocar hoje um congresso para definir a questão da liderança e da estratégia partidária após as eleições.
Fonte oficial do PS referiu à agência Lusa na segunda-feira que na reunião da Comissão Política, além da marcação de diretas para o cargo de secretário-geral, seguidas por um congresso nacional, o Secretariado Nacional, o órgão de direção executiva dos socialistas, também poderá avançar com a convocação de congressos nas federações (as estruturas distritais).
Lusa