“Próximos tempos não podem ser de crispação e ruptura”

“Próximos tempos não podem ser de crispação e ruptura”


Fernando Medina discursou no 5 de Outubro. PCP desafia PS a formar governo e autarca responde: “Acho que sabem onde é a morada”.


Sem a presença do Presidente da República nas cerimónias comemorativas da Implantação da República, as honras ficaram para o presidente da Câmara de Lisboa que não se coibiu de falar do actual momento político. O socialista Fernando Medina advertiu para a importância de “compromissos estratégicos” no “novo ciclo” político que diz estar a começar.

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Medina era o números dois de António Costa na Câmara de Lisboa e sucedeu-lhe quando o líder do PS renunciou ao cargo para se dedicar ao partido, no fim de Março. Um dia depois das eleições legislativas em que os socialistas saíram derrotados e a coligação ficou com maioria relativa, o autarca teve palco político para continuar na linha de necessidade de entendimentos promovida por António Costa no discurso da noite eleitoral. Para Medina,  “os últimos anos foram tempos de crispação e de ruptura, mas os próximos não o poderão ser mais”, frisou o autarca socialista, realçando que “a situação económica e financeira do país permanece muito frágil”, devido ao desemprego, pobreza e emigração.

No entender de Fernando Medina, a situação implica que “mais do que noutros momentos, é essencial fazer deste novo ciclo político que agora se abre um novo ciclo de compromissos estratégicos tendo em vista o progresso social” do país. 

PCP desafia PS No final da cerimónia nos Paços do Concelho, em declarações aos jornalistas, o líder parlamentar do PCP firmou o desafio ao PS de “tentar formar um governo, respeitando a confiança que lhe foi dada pelos eleitores para romper este caminho que tem vindo a ser seguido por este governo e tentar encontrar uma política alternativa”. Sobre a hipótese de um governo de esquerda, João Oliveira disse que os votos dos deputados comunistas “contarão sempre para romper com esse caminho e para construir uma política alternativa”.

Medina foi confrontado com isto mesmo, depois da cerimónia, e considerou “óptimo” que “toda a gente [possa] participar para soluções de governabilidade e para as soluções do país”. E atirou aos comunistas:“Se têm essa disponibilidade, acho que sabem onde é a morada e podem ir lá.” O autarca seguiu a linha de raciocínio de António Costa na noite anterior quanto à interpretação dos resultados eleitorais e disse que os portugueses “votaram maioritariamente por uma mudança de política e votaram também ao não dar maioria absoluta a nenhum dos partidos”, obrigando-os “a conversar uns com os outros e a entenderem-se”. 
Com Lusa