Marcelo anunciou que já decidiu que é candidato presidencial. Passos Coelho apoia

Marcelo anunciou que já decidiu que é candidato presidencial. Passos Coelho apoia


Marcelo afirma que “está ponderado o que havia a ponderar”. Só falta saber o dia em que apresenta a candidatura.


Falta saber o dia, a hora e o local escolhido para fazer o anúncio formal. Mas o anúncio “informal” da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República foi feito ontem na estação onde é comentador político, a TVI. 

“Uma coisa é ter o cenário claro na cabeça, ponderado e decidido; outra coisa é falar dele, que será fora da TVI. Não faz sentido confundir o comentador com o potencial actor político. Houve tempo suficiente para perceber e clarificar toda a situação política no plano das presidenciais e das legislativas. Está percebido e ponderado”, disse o mais famoso professor de Direito do país. 

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O anúncio tinha que ser uma coisa “à Marcelo”. Depois de defender que PSD e CDS deviam dar liberdade de voto aos seus militantes, tendo em conta o cenário de dois candidatos da mesma área política às eleições de Janeiro – ele próprio e Rui Rio – Marcelo admitiu que tinha a decisão tomada, só não a iria formalizar ali na televisão, porque “não faz sentido confundir o comentador com o potencial actor político”. Basta fazer contas de somar: Marcelo admite que é actor político, que a direita tem dois candidatos, onde está o nome dele, que, como afirmou, já teve “tempo suficiente para clarificar toda a situação”. 

Marcelo afirmou que fazer a declaração na noite das legislativas era “insólito” e que não iria só anunciar formalmente neste momento a candidatura na televisão porque “uma coisa é o sítio onde se apresenta a decisão, outra é haver a ponderação e a decisão”. 

“Da mesma maneira que o cenário é hoje em matéria de governo muito mais claro, também é em matéria de presidenciais”, disse o professor. Marcelo nunca diz expressamente que é candidato mas toda a argumentação sobre as presidenciais não deixa margem para dúvidas: será candidato presidencial nas eleições de Janeiro de 2004 e parte com vantagem. Uma sondagem publicada ontem pelo “Público” dava-o perto de ganhar à primeira volta, com 49,3%. Em número dois, mas a larga distância, vem Maria de Belém, com 17%. Segue-se Rui Rio com 15,1%, Sampaio da Nóvoa está com apenas 10% e Henrique Neto tem uns residuais 1,4% das intenções de voto. 

Passos apoiará Marcelo Marcelo contará com o apoio de Pedro Passos Coelho e com a mais que provável desistência de Rui Rio da corrida. Marcelo fez campanha eleitoral para as legislativas pelo PSD e anda em campanha para as presidenciais há cerca de dois anos pelo PSD “profundo” a pretexto da comemoração dos 40 anos do partido. É uma evidência que tem o partido com ele e, agora, também Passos Coelho, que se rendeu à evidência de que o PSD tem que apoiar o candidato ganhador que é, em simultâneo, aquele que mais apoios tem dentro do partido. “O PSD apoia, Passos Coelho apoia. Só depende de Marcelo formalizar”, afirma ao i um social-democrata.

As relações entre Passos e Marcelo estão hoje a anos-luz do que eram no tempo em que o próprio Marcelo anunciou que desistia de uma candidatura presidencial depois da moção de Passos ao congresso excluir o apoio a um candidato que fosse “protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num cata-vento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político”. “Acho que ele quis excluir o candidato Marcelo Rebelo de Sousa, o que é perfeitamente legítimo. Está nas suas mãos e quis fazê-lo”, disse na altura Marcelo.

O espaço para Rui Rio que chegou a pensar anunciar a candidatura em Julho, depois em Setembro e depois adiou para Outubro é que encolheu. Os seus amigos sempre o aconselharam a antecipar-se a Marcelo, mas não o fez.