Faltavam poucos minutos para que os serviços administrativos do Tribunal da Relação de Lisboa encerrassem quando entrou um requerimento do Ministério Público referente à Operaçao Marquês – mas não sob a forma de um pedido de aclaração. Os procuradores pretendem que a decisão do juiz-desembargador Rui Rangel, conhecida a 24 de Setembro e que determinava o fim do segredo de justiça interno, fosse considerada nula.
O pedido foi apresentado já depois de o i avançar que não tinha entrado na Relação de Lisboa qualquer pedido de aclaração do acórdão de Rui Rangel. E, de facto, ao contrário do que teria sido avançado à defesa de José Sócrates, o Ministério Público não optou por pedir a aclaração da decisão. Solicitou, antes, a anulação da decisão do juiz-desembargador e, em consequência, que se mantenha em vigor o segredo de justiça.
Esse dado foi confirmado ao i pela Relação de Lisboa. "Por determinação do senhor juiz presidente deste Tribunal e relativamente ao solicitado informo que nesta data deu entrada um requerimento em que é arguida a nulidade do acórdão", refere a nota enviada ao i.
Recorde-se que Rangel ordenou o fim do segredo de justiça interno do processo e o consequente acesso aos autos por parte da defesa do ex-primeiro-ministro e dos restantes arguidos. Nesse acórdão, o único favorável à defesa de Sócrates ao longo de mais de dez meses, Rui Rangel (e Francisco Caramelo, que também assinava o despacho) considerava que Jose Sócrates estaria a ser "vítimas de truques" dos procuradores, com a complacência do juiz de instrução Carlos Alexandre.