As agências humanitárias que actuam na capital da República Centro-Africana foram obrigadas a interromper as actividades, devido à escalada de violência, e a Cruz Vermelha, a única que continua no terreno, também poderá parar, foi esta segunda-feira anunciado.
De acordo com a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV/CV), desde a eclosão da violência, a 26 de Setembro, a Cruz Vermelha tem sido a única agência humanitária capaz de se movimentar dentro da cidade de Bangui.
Mas, face aos “refluxos e fluxos de violência, mesmo a Cruz Vermelha e a sua rede de voluntários está a ser impedida de chegar a todas as áreas” da capital da República Centro-Africana, refere em nota o chefe de delegação da FICV/CV na República Centro-Africana, Richard Hunlede.
O país tem sido palco de violência sectária que envolve os ex-rebeldes Séléka (maioritariamente da minoria muçulmana) e as milícias ‘anti-balaka’ (essencialmente cristãos, cuja religião é maioritária no país).
A destituição, em Março de 2013, do Presidente François Bozizé pela rebelião Séléka, fez mergulhar aquele Estado africano, um dos países mais pobres do mundo, na sua mais grave crise desde a independência, em 1960.
No comunicado hoje divulgado, o delegado da FICV/CV afirmou que a Cruz Vermelha instou os grupos armados para garantirem a organização humanitária a prestar assistência aos feridos em todos os cantos da cidade.
Contudo, “para já, a Cruz Vermelha está a enfrentar escassez de combustível, sacos para cadáveres e outros instrumentos necessários” para realizar o seu trabalho, alertou RichardHunlede.
O responsável pela FICV/CV considerou “fundamental” que a Cruz Vermelha prossiga as suas actividades, uma vez que é “o único actor humanitário capaz de alcançar directamente as famílias afectadas pelo conflito”, que já forçou 27.000 pessoas a fugirem das suas casas em Bangui.
O conflito que dura há três anos e que se agravou no mês passado está a causar uma ruptura de “stock” de medicamentos essenciais e provocou pelo menos 365.000 deslocados internos, que carecem de bens essenciais, como a água e saneamento nos acampamentos improvisados.
Os grupos armados envolvidos no conflito têm como alvo casas e escritórios de funcionários e expatriados das agências humanitárias que se refugiaram em dois edifícios seguros na cidade de Bangui, lê-se na nota.
Mas, apesar dos desafios, as 12 pessoas da delegação da FICV/CV na República Centro-Africana “permanecem com moral alta e o trabalho continua”.
Lusa